18 de dezembro de 2011 | By: Rita Seda Pinto

Meditando Lucas 2

Meditando Lucas 2
num dia de Natal...
Rita Seda

Vejo-Te viajando
dentro de uma arca
mais rica do que ouro:
o ventre de Maria.
Maria – antes cheia de graça
transborda, agora, da Graça!
Emprestam-Te por berço
a manjedoura.
A vaca e o burrinho, com seu hálito,
protegem-Te do frio...
Posso ver José, silente,
adorando-Te, Jesus Cristinho,
e ajudando Maria,
naquela estrebaria!
E os pastores chegando,
curiosos,
e depois, perplexos!
Os primeiros convidados...
Primeiros, também, a espalhar a “Boa Nova”!
Nas mãos, o leite,o queijo,
e com certeza, o pão.
Este, eu sei,não faltaria,
Belém não é a Casa do Pão?
Não consigo, Jesus Cristinho,
ver-Te chorando
como todas as crianças...
só rindo!
Obedecendo ao Pai,
olhos fixos na Mãe, cheia de graça,
no pai terreno,homem justo,
e nas visitas: pobres, marginalizados.
Uma parcela daqueles
a quem foras enviado.

Jesus simples!
Jesus ternura!
Jesus aceitação!
Jesus que sorri onde outros choram,
ajuda-me a viver Tua lição!
17 de dezembro de 2011 | By: Rita Seda Pinto

Meditando Lucas 2

Meditando Lucas 2
num dia de Natal...
Rita Seda

Vejo-Te viajando
dentro de uma arca
mais rica do que ouro:
o ventre de Maria.
Maria – antes cheia de graça
transborda, agora, da Graça!
Emprestam-Te por berço
a manjedoura.
A vaca e o burrinho, com seu hálito,
protegem-Te do frio...
Posso ver José, silente,
adorando-Te, Jesus Cristinho,
e ajudando Maria,
naquela estrebaria!
E os pastores chegando,
curiosos,
e depois, perplexos,
os primeiros convidados...
Primeiros, também, a espalhar a “Boa Nova”!
Nas mãos, o leite,o queijo,
e com certeza, o pão.
Este, eu sei,não faltaria,
Belém não é a Casa do Pão?
Não consigo, Jesus Cristinho,
ver-Te chorando
como todas as crianças...
só rindo!
Obedecendo ao Pai,
olhos fixos na Mãe, cheia de graça,
no pai terreno,homem justo,
e nas visitas: pobres, marginalizados.
Uma parcela daqueles
a quem foras enviado.

Jesus simples!
Jesus ternura!
Jesus aceitação!
Jesus que sorri onde outros choram,
ajuda-me a viver Tua lição!
13 de dezembro de 2011 | By: Rita Seda Pinto

Essas crianças!

Essas crianças...
Rita Seda

Está pertinho o Natal. Enfeites nas lojas, Papai Noel todo prosa com seu Ô...Ô...Ô...para atrair a criançada. Graças a Deus que o triste tempo de criança ficar sem brinquedo no Natal acabou... Mande cartinha para o Papai Noel, é só escrever, endereçar o envelope e colocar no Correio! Os presentes aparecem... A TV deveria abolir aqueles filmes tristes em que a pobrezinha órfã morria congelada namorando vitrines! Ou alguém que ficava espreitando a árvore iluminada da casa rica e, de quebra, sentia o cheiro das guloseimas no ar, ficando só na vontade... Guardem os filmes como relíquias de um passado morto e enterrado! Mas não deixem de fora o aniversariante. Poucas crianças de hoje sabem distinguir o verdadeiro dono do Natal. E são em menor número, ainda, as que o procuram para dar-lhe o presente de seu amor, de sua gratidão, de seu reconhecimento. Criança é criança. Não pode entender as coisas que não lhes são ensinadas. É tão fácil dar-lhe a idéia do Natal utilizando, por exemplo, o presépio, partilhando com a criança cada peça, cada enfeite, cada imagem! Contar uma história de forma real, manuseando, brincando, cantando... Fazê-la esperar o dia próprio para colocar Jesus na manjedoura, rezar junto agradecendo os dons do ano que passou, pedindo bênçãos, tudo isso provoca encantamento. Quem não fica extasiado diante de um presépio? Natal é festa de ternura porque o Senhor vem para salvar-nos. Não esqueçamos o motivo primordial da comemoração. O Papa Leão Magno disse: “Hoje, amados filhos, nasceu o nosso Salvador. Alegremo-nos! Não pode haver tristeza no dia em que nasceu a vida: uma vida que, dissipando o temor da morte, enche-nos de alegria com a promessa de eternidade”. O motivo dessa alegria é que um filho nos foi dado (Is 9,6), a bondade de Deus se manifestou (Tt 3,4 ), Deus nos falou por seu Filho (Hb1,2 ). Nós, adultos, devemos estar sempre lembrados do verdadeiro sentido dessa data especial e do nosso dever de incuti-lo em nossas crianças.”Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade”.Vinde, adoremos! A graça de Deus se manifeste em você e sua família! Feliz Natal, queridos irmãos! Vinde, adoremos!

Noite de Natal

Noite de Natal
Rita Seda

Natal de Jesus, natal da humanidade...
Ser mãe, apesar das tribulações, tem suas compensações. Ter nos braços uma criaturinha que esteve escondidinha dentro da gente é a primeira delas. Um grande mistério tudo envolve, impossível entendê-lo. Principalmente no tempo em que tive meus filhos. Não existia pré-natal ainda, a gente consultava o médico obstetra porque já tínhamos certa noção de responsabilidade e queríamos saber o andamento da gestação. Acabava-se dando à luz pelas mãos de alguma irmã parteira e da inesquecível Filomena. Só se chamava o Dr.Edmundo se havia complicação no parto. No Hospital havia uma sala especial para partos, ainda não havia a maternidade separada. Recebia-se visitas, as mamães eram muito bem tratadas e nenhuma saía de lá antes de três dias. O bebê ficava no quarto da mãe, não havia berçário. Na força da fé em Deus, vencíamos.
Os métodos e aparelhagem da medicina evoluíram e hoje é possível que pessoas credenciadas assistam partos de entes queridos pela Internet do outro lado do planeta. Que avanço!
Imagino o tempo de minha mãe. Ter 15 filhos em casa, assistida por uma “curiosa” como chamavam as parteiras naquele tempo. Como fui a última, não sei dizer como era, só imagino!Mas Deus estava com ela. Minha mãe tinha uma fé que tudo superava. E as outras mães, claro que também se apegavam à fé.
Fico imaginando a Virgem Maria. Menina moça, viajando em cima de um animal, sabendo que carregava dentro de si o Filho de Deus... Ela foi amor, mansidão e aceitação. Não era o personagem principal, era a arca que o carregava. Era um coração repleto de perguntas. As dúvidas ela resolvera com o Anjo São Gabriel no momento da Anunciação, mas o mistério permanecia, só podia ir aceitando os fatos, o que fazia com amor de mãe e de quem estava em Deus. José foi o valioso apoio em todos os momentos. Os dois eram os responsáveis pelo Menino. Tenho grande admiração por esse casal que Deus escolheu para tal tarefa. José, o Homem Justo, no dizer da Bíblia e Maria, a Virgem Pura que foi preparada para trazer ao mundo o Salvador. Tornou-se Mãe da humanidade aos pés da cruz. Seus cuidados por nós já existiam nela, pois nas Bodas de Caná, com jeitinho materno, levou Jesus a realizar o seu primeiro milagre em favor dos noivos que não tinham mais vinho para oferecer aos convidados. Por isso lembro a quem me lê:”Peça à Mãe que o Filho atende!” Sagrada Família de Nazaré! És o centro do presépio e estás no centro do mundo para dar exemplo às nossas famílias!
9 de dezembro de 2011 | By: Rita Seda Pinto

Você conheceu Dona Pepa?

Você conheceu Dona Pepa?
Rita Seda

Era minha mãe. Seu apelido vem de Giuseppa, seu nome italiano. Às vezes fico indignada com o tratamento que deram aos imigrantes quando chegaram ao Brasil, para dar duro nos cafezais, substituindo a mão de obra escrava. A começar pelo nome. O lindo nome de minha mãe: Giuseppa Grazzia Francesca Patta ficou reduzido a Josefa Pata. Com certeza vieram com o sonho de ganhar terras, ou comprá-las para pagar com o lucro de seu trabalho, sei lá, mas foram encaminhados para as fazendas sem nenhuma regalia a não ser formar lavouras para fazendeiros ficarem ainda mais ricos. Tem que ter tido alguma promessa, pois a família de minha mãe tinha um sítio, deixou tudo para imigrar. Tenho muitas dúvidas quanto a isso... A maior virtude que coloco em minha mãe é a fortaleza. Ter 15 filhos, levar comida na roça para meu pai, preocupar-se com a educação dos filhos e sua formação, a ponto de tratar com um mestre de obras para empregar um dos meus irmãos que não queria nada com a dureza e arcar com o seu salário, passado, na surdina, a quem iria pagá-lo? Só uma mãe muito bem intencionada faz isso!Além dos trabalhos da casa ela plantava uma horta para ter verduras fresquinhas e alimentar bem a família. Era carinhosa, mas exigente com os filhos, encaminhando-os para o estudo, trabalho e religião. Dessa virtude exigente veio a pecha de que era muito brava. Tinha que ser, né? Parir 15 filhos, criar 13, sem ajudante que não fossem os filhos mais crescidos, faz qualquer pessoa brava... Mas o seu coração era sensivel demais. Podia ser exigente, mas sabia agradar e curar, cuidar, alimentar, não só os de casa, mas os amigos também. Quantas vezes fiquei doente e ela me cuidou, como também cuidou de muitos netos.Lembro-me de seu desespero quando um neto caiu e quebrou um braço, em sua casa. Tinha uma formação religiosa profunda e não descansava com os filhos e netos enquanto não soubessem recitar as orações mais simples e a Salve Rainha. Essa era a sua predileta. Quando mais velha, já aos meus cuidados, se ficava doente, tornava-se mansa que nem um cordeirinho. Quando começava a fazer exigências e reclamações, eu me queixava a um dos irmãos, que me consolava dizendo: “Que bom, está sarando!”E era verdade. Ninguém conseguia segurá-la no leito quando já estava boa. Tinha em seu quarto latas de biscoitos e balas para distribuir aos netos e visitas, além de alguns trocados para dar a quem estivesse precisando, principalmente aos mendigos. Todos os descendentes se lembram sempre de sua braveza e apelidam alguns que puxam à ela de Pepinha (são sempre do sexo feminino), mas se esquecem de dizer também que era justa na sua braveza e tinha o coração do tamanho da necessidade de quem precisasse dela. E como isso era edificante! Morreu às seis horas da tarde, recitando comigo as Ave Marias e Salve Rainha.

Debaixo da carreta

Debaixo da carreta, um capacete...
Rita Seda

A manhã ainda estava começando mas prometia! Fazíamos nossa caminhada diária que sempre acontece pela manhã.Não tão cedo, pois tivemos uma longa vida para nos preparar para desacelerar... Devagar também se chega lá!
Vamos pela calçada da beira do rio Sapucaí, que tem estado sempre bem varrida, grama cortada, árvores tratadas, muitas aves voando, cantando ou apenas enfeitando o panorama e algumas, grandes, não sei o nome, rodeando os pescadores à espera de algum peixinho para o seu desjejum... Ao passar no fundo do Super Mercado, local onde os fornecedores descarregam suas mercadorias, notamos um corre-corre, atrás de uma carreta. Havia outros veículos parados, inclusive moto; logo chegou a policia e uma voz de mulher se sobressaía gritando que nada roubara. Pelas palavras dela (não a enxergávamos) percebemos que estava mostrando sua bolsa aberta para provar que nada roubara. De onde estávamos vimos um capacete debaixo da carreta. Ivon deu o alarme e logo um policial foi até lá. Pensei: o que poderá estar escondido num capacete? Não cabe nada... Realmente, nele não havia nada mesmo... Mas, foi aí que as ladras se ferraram, pois tinham escondido o produto do roubo em algumas partes inferiores da carreta. Que ligeireza, que imaginação! Como entrar num local tão baixo, esconder os produtos e sair sem serem vistas? Mas o capacete! Deu bobeira, foi provada a má conduta de sua dona. Saímos de fininho, afinal, mal começáramos a caminhada... Não as vimos e nem elas nos viram. Nem ficamos sabendo o que aconteceu depois. É incrível como os “amigos do alheio” têm a capacidade de bolar planos estratégicos para lançar mão do que não é seu. Se usassem da inteligência para estudar e trabalhar não viveriam muito melhor? Trabalhar cansa! devem pensar. O que lhes faltou, sem dúvida, foi alguém que lhes impusesse limites e respeito, conhecimento de Deus e da vida como é e não como queremos que ela seja.

cabelos

Cabelos
Rita Seda

Invenção maravilhosa é a fotografia. Através dela podemos rever o passado. Hoje estava vendo umas fotos antigas, da minha família e deparei com uma interessante: eu, vestida de anjo, sobre uma cadeira. Já viu que era bem pequena... O vestido comprido, bordado, as mãos postas, bem comportadas, os olhinhos brilhantes,como se alegres estrelinhas estivessem neles boiando! Mas nada disso prendeu minha atenção. Chamou e prendeu minha atenção o meu cabelo. Liso e escorrido... Apelidaram meus cabelos de beira de rancho. Tinham razão. Era tal e qual. Depois que passa a gente acha graça e naquele tempo eu nem ligava... não tinha consciência daquilo! Crescendo, fui criando em mim a tal “ crítica” e procurei ajeitá-lo como podia. Às vezes minha irmãs faziam uns papelotes, deixava-o todo arrebitado, pior a emenda... Com o tempo deixei crescer a franja e o tamanho foi se igualando... até que na adolescência tive os cabelos compridos, de um castanho acobreado, que me deixaram feliz. Um dia minha professora elogiou a sua cor, seu brilho, foi uma massagem no meu ego. Que bom! Meus cabelos não me envergonhavam mais. Minhas irmãs e todas as moças da época faziam ondulação permanente, com dona Carmélia, uma senhora de Careaçu, que morava perto de nós. Eta cheiro desagradável... Nunca tive coragem. Cortar os cabelos e fazer permanente? Nem morta... Aprendi a fazer um xampu para lavá-los e dar-lhes mais brilho ainda. Levava gema de ovo e sabão de coco. Eu conservava minhas tranças ou os usava soltos, às vezes colocava uma travessinha. Os anos passaram, lecionei, me casei, tive meus filhos e que trabalheira aquele cabelo comprido me dava! Não tinha mais tempo para cuidá-los. Lá pelos meus 40 anos fui criando coragem , cortei e guardei as tranças.Estão lá, na gaveta do armário do banheiro! Era o tempo em que os cabeleireiros punham bob na cabeça da gente, nos colocavam no secador e depois desfiavam. Moda é moda e entrei nessa. Por pouco tempo, pois notei que umas amigas estavam ficando com os cabelos ralos, dando para enxergar o couro cabeludo. Refleti bem, não queria me ver careca... Foi então que encontrei uma pessoa, casada na família do Ivon,bem mais moça do que eu com um cabelo cortado bem curtinho e me encantei. Elogiei e ela me disse: - Para este corte é preciso ter um rosto perfeito! Realmente ela era muito graciosa. Mas, com rosto perfeito ou não, mandei brasa, isto é, mandei passar a tesoura no meu. Nos primeiros dias estranhei, mas nunca mais mudei. Ficaram cinza, meio raposados, não liguei. Deram de ficar rebeldes, de cair,diminuir de volume. Encabulei um pouquinho, mas que fazer? É a vida... Nestes dias vi o rei Roberto, numa gravação. Seus cabelos, despojados, estavam iguais ou piores do que os meus. Aí pensei, se ele pode, eu também... Não sou rainha mas tenho a minha dignidade de ter os cabelos de uma pessoa da idade que tenho sem sofrer! Obrigada, Roberto! Você, além de cantar tão bem, ainda dá lições de vida na gente... Voltei ao tempo de “anjo”: só falta a beira de rancho!
31 de agosto de 2011 | By: Rita Seda Pinto

O baile das borboletas













O baile das borboletas
Rita Seda

Para onde estás indo
Minha amiga borboleta?
Assim, vestida de gala,
Com enfeites violeta?

Voando vou para a gruta
De Nossa Senhora das Graças...
Começou a grande festa
De irmãs de todas raças!

E porque tem festa lá?
Venha comigo e vais ver...
Milhares de margaridas
Abriram ao amanhecer!

Estão enfeitando a gruta
Pra alegrar a Senhora.
Abelhas, besouros, joaninhas
Estão lá, já fazem horas...

Que estão eles fazendo
Desde já neste momento?
Eles estão entretidos
Afinando os instrumentos.

Entre nuvens de flores
Brancas e amarelas
Nós faremos nosso baile
Como faz qualquer donzela.

Ó perfumadas e lindas,
ó cálidas margaridas,
dá-nos festa para a alma
e alimento para a vida...

Deus as colocou na terra
Como presente de amor.
-Bailamos, sugando o mel
Voando de flor em flor.

São tufos de margaridas...
Miríades de joias aladas...
Tudo passa tão depressa,
Amanhã, seremos nada!

O que temos a fazer
É bailar, minha querida,
Curtir a felicidade
Que Deus põe em nossa vida!
27 de agosto de 2011 | By: Rita Seda Pinto

Lição das Margaridas









Lição das Margaridas
Rita Seda

Vivo perseguindo novas plantas... Não precisam ser raras nem tão belas, minha curiosidade é aguçada sempre que conheço alguma. No ano passado plantei algumas mudas de margaridas brancas e outras amarelas, de árvore. Este ano já floresceram em maio e eu pude observá-las de perto. As brancas florescem em grandes cachos, nas pontas dos galhos, que chegam aos três metros. Muito perfumadas, atraem insetos simplesinhos, e lindas borboletas das mais variadas raças e cores. Fazem um animado baile em torno das margaridas, ao som, quem sabe, dos besouros, grilos e gafanhotos que também correram para lá! Além dos passarinhos, é claro!
Já as amarelas são maiores, se não fosse o tamanho do miolo, poderiam ser confundidas com girassóis. Diferem das brancas por não florirem em quantidade num mesmo galho. Caules mais finos desde o solo, na ponta, aquela flor dourada, duradoura. Não vi muitos insetos em seu redor. Nem perfume. E duram muito mais que as brancas...
Fiquei pensando: com as plantas muitas vezes acontece como em nossa sociedade. Variedade de aspectos, mas a mesma beleza vinda de Deus. Certamente as duas margaridas devem ter a sua utilidade, que eu até agora ignoro. Conosco, ouso dizer, que cada qual, independente de cor, raça, tamanho e atrativos, todos temos algum dom especial. O mais bacana, a meu ver, é o dom do amor, da solicitude, da acolhida uns aos outros, neste mundo tão egoísta em que vivemos. Nosso dever é imitar as margaridas brancas, que se desdobram em grandes cachos, proporcionando néctar e perfume aos insetos e beleza aos olhares humanos. Mas acho que em muitos momentos devemos ser iguais às amarelas, quietas, meditativas, ensinando-nos que a solidão não é castigo, é um meio de falar com Deus sem intervenção alheia... Pareceram-me monges, silenciosos, isolados uns dos outros, falando com o Altíssimo Bom Senhor, como aprenderam do Pobrezinho de Assis...

Cara amiga Cida


Cara amiga Cida

Eu já vi muitas coisas acontecerem por aí...
Já tive amigas casadas que saíram para fazer rápida viagem e quando voltaram, abrindo a porta de casa constataram que estavam viúvas.
Vi também amigas que sonhavam com o dia em que estariam viúvas para curtir a vida que nunca curtiram, pois eram surradas, não passavam de criadas, eram traídas em seu matrimônio, viviam praticamente escravizadas. Uma delas tinha um sonho: fazer mil leituras nas Missas. Após a partida de seu algoz, conseguiu (décadas de 70, 80...). Morreu feliz.
Vi uma, morrer de amor, por um esposo que a traiu, humilhou diante de seus dois filhos adolescentes e da amante. O coração, embora jovem, não resistiu!
Vi, também, casais que se amaram, respeitaram, e Deus os conservou em sua graça.
Mas hoje é dia de falar da dedicação, amor e respeito de um casal com quem convivi e a quem muito devo. Casal este que converteu-se num só ser, pelo próprio amor. Suave, simples, admirável. Deus os contemplou com três filhas maravilhosas e dois genros-filhos que fazem jus à família que os adotou. Difícil nos tempos de hoje ver uma família assim, cujas raízes estão plantadas em chão divino. Construiu sua casa em bases sólidas e deu frutos. Sua fronde abriga familiares e amigos com a mesma dedicação que abriga as filhas. A impressão é que o casal vivia preso um ao outro por invisíveis linhas de ouro puro, que maleável, dava-lhes liberdade para ir onde preciso fosse, mas um fluido de confiança-carinho-dependência perpassava entre os dois. Assim, aquele medo de que um dos dois sofresse pela ausência do outro nunca existiu entre eles, mesmo no momento crucial da separação, da qual ninguém escapa, estavam só os dois numa presença de amor,enlaçados, sem se tocarem! O melhor dele, o Amor, continua vivo em teu coração. Ele voou para mais alto, libertou-se, aliviou-se do processo doloroso em que vivia para alcançar a plenitude. Deus tornou-te responsável na vida conjugal por um ser humano, que por tanto afeto, continua vivendo...em ti!
Quem sempre caminhou nos passos de Jesus entrou inteiro, num ápice de segundo, para o Sagrado Coração de Jesus. Só resta agradecer a grande graça concedida a quem o amou, respeitou, foi seu braço forte e o viu partir para Aquele que tanto serviram juntos.
Não pode existir maior felicidade.
Amor...Paz... Serenidade... Exemplo para o mundo!
Amo e admiro tua família. Deus foi pródigo de dons para todos e cada um.
Beijos, Rita e Ivon

Doces reminiscências






Doces reminiscências
Rita Seda

Sabe quando, inesperadamente, você vê algo que foi importante em sua vida, não importa o tempo, que não saiu de sua memória e que lhe tira o fôlego, fazendo vibrar as cordas mais sensíveis de sua emoção?Aconteceu comigo, numa visita que fiz ao Seminário de Pouso Alegre. Em cima de uma mesa vi um melão incomum. Mais parece uma bexiga de mortadela. Dá para enganar quem não conhece... Há quanto tempo não via um! Aquela imagem comprida, gordinha e vermelha, alem do perfume inconfundível, levou-me ao passado. Era uma das plantações do meu pai. Lembro-me bem, uma planta trepadeira como um maracujá ou um chuchu, que, certa vez, subiu até o telhado do armazém da empresa de transportes dos meus irmãos, ali onde ficava a horta da minha mãe e a mangueira que foi cortada no dia do meu casamento... Essa mangueira marcou um dia muito feliz na minha vida. Os melões eram vistos de longe, esparramados sobre o telhado, seguros por talos grossos. Bela visão!Já que ganhei o melão vou tentar cultivar a espécie. Será tão gratificante para meus olhos como está sendo para minha alma. E dessa maneira meus filhos poderão perpetuar a espécie quando eu não estiver mais aqui... Poderão saborear sua polpa suculenta ou fazer delicioso doce rosado que tantas vezes devorei! Minha filosofia de vida é resguardar do esquecimento as coisas boas da vida. Eta melão gostoso!Transportou-me pelos meandros da memória a um passado tão gostoso quanto...

21 de junho de 2011 | By: Rita Seda Pinto

Carinho...para alguém muito especial!

Carinho
Rita Seda

Todos os netos são igualmente queridos, não há dúvida! Cada um tem sua peculiaridade, mas para a avó, todos têm o mesmo espaço no coração. A gente chora a mesma lágrima de saudade, canta a mesma cantiga quando sabe que algum está para chegar e quando chega, é aquele alvoroço gostoso. Claro que tem algumas diferenças. Principalmente ao se preparar um lanche ou uma refeição. Igualzinho acontece com os filhos. Enquanto ainda não nos atacou a famosa doença de nome alemão, a gente se lembra com carinho da preferência de cada um. E enquanto pode, vai fazendo, para o regalo deles e satisfação da gente. Escrevi tudo isso para ninguém dizer que eu tenho preferências!!! É que hoje, procurando algo, encontrei uma folha de papel escrita por uma neta. Parei com tudo e fui namorar aquela página de um caderno escolar, que mexeu profundamente com o meu interior. Ela era uma adolescente, hoje é casada, mora longe, tem um filhinho lindo, que mata de saudade a bisa... Tem um trecho em prosa e outro, em quadras. Acredito que, sem vê-lo ela nem se lembrará mais do que escreveu. Mas tudo o que ela quis dizer na oportunidade, era uma mistura de seriedade e romantismo, de sonho e ambição,decidida a fazer algo para alertar as humanidade quanto às péssimas condições de vida no planeta. Fico emocionada com suas idéias, e vou me lembrando de outras que ela não só escreveu, mas pôs em prática. Nessa mesma fase, a adolescência, vivendo-a de modo normal como todas as outras jovens, ótima estudante, querendo aprender de tudo, desde comidas japonesas a bijuterias, muito esperta para ajudar nos afazeres domésticos, coroinha na paróquia que freqüentava, queria influenciar a prefeitura a adotar a coleta seletiva do lixo. Morava em Varginha. Contatou as rádios, jornais, convocou os colegas, entrevistou o prefeito... A idéia era muito boa, mas naquele momento não se concretizou. Ficou em mim a lembrança de uma garota inteligente, audaciosa, com idéias avançadas e vontade de melhorar o planeta para que houvesse condições mais favoráveis de vida...

Estudou, trabalhou, ainda trabalha e é funcionária eficiente. Menina de valor, hoje mulher-mãe realizada, sem deixar de lado seu lado romântico e amoroso, que de tantos beijos no avô chegava a lambê-lo no rosto... A vida separa a gente das pessoas amadas. Temos hoje contatos tecnológicos que quebram o galho e a saudade! Mas uma folha de papel, escrita e esquecida numa gaveta, sem pretensão nenhuma, torna-se um veículo que comunica diretamente ao coração de uma avó, roído de saudade!
Quem advinha quem é?

As propagandas em nossa vida

As propagandas em nossa vida
Rita Seda

Mesmo que não se dê muita atenção, a propaganda nos alcança em algum momento. Nas crianças e adolescentes, ainda em formação para distinguir verdades das ilusões, provoca grandes estragos. E não precisa ser tão explícita como aquela em que um rapaz, vendo passar um “carrão”, despeja gasolina no seu e o incendeia. Essa, em particular, tem respeito com a humanidade? Ensina algo? Na minha opinião ela anula o sentido da ética. As propagandas estão ficando cada vez mais agressivas e audaciosas. Como proibir que jovens adolescentes consumam bebidas alcoólicas, se as bebidas são mostradas como sonho de consumo, supra sumo, por assim dizer, e cada vez maiores? Tudo terminando em ão... E apresentando belas mulheres num claro apelo ao sexo. Quem vai querer beber pouco, então? E para quê bafômetro, se a propaganda faz o povo beber cada vez mais? E faz o teste quem quer? Camufladas nas novelas, faz-se propaganda de tudo. E se introduz modas e comportamentos. Quem pagar para sua criação aparecer na novela, seja em roupa, cabelo, esmalte, bijuteria, música, etc, é um novo rico na certa! O consumo é certo. Desse modo as roupas foram diminuindo de tamanho, na parte superior e inferior, e os pais não têm mais autoridade para evitar que as garotas não imitem os artistas. Estão à mostra nas vitrines, na TV, na Internet. Quem consegue impedi-las de bater o pé, fazer birra e acabar vencendo? Com a vida ausente dos pais, que trabalham justamente para que os filhos tenham uma vida “melhor”, acabam ganhando o que querem até sem muita exigência, afinal, a coleguinha já está usando!!!Minha filha não pode ficar para trás! E não podemos dizer que só acontece com o público feminino. Os rapazes estão soltos para fazer tatuagens, usar piercing e adotar penteado dos famosos jogadores de futebol, por mais estranhos que sejam. Se a tatuagem é tão inofensiva, como dizem alguns, porque o tatuado não pode doar sangue?Acabaram-se os limites em nossa sociedade? Ou eu estou muito careta? Graças a Deus, não! Ainda vejo muitos jovens estudando e se formando com seriedade. Conheci dias atrás um jovem de 15 anos, que sem ser um gênio, toca violino maravilhosamente, estudando três horas por dia e fazendo seu curso de segundo grau. Dá duro, mas tem expectativa de futuro. Sabe o que quer e se esforça para vencer. Pena que houve a inversão: outrora eram poucos os censuráveis, hoje, são poucos os elogiáveis...
1 de junho de 2011 | By: Rita Seda Pinto

Festa marcante para a Paróquia e para a família

Festa marcante para a Igreja e para a família

Rita Seda

Era o ano de 1957. Quinto centenário de Santa Rita de Cássia. Padre José Carneiro Pinto, era o nosso pároco. No vigor de sua mocidade realizou grandes mudanças na paróquia, e nesse ano, na festa. Os festeiros foram Dona Sinhá Moreira e o casal Maristela e Nazareno Renó. Foi uma festa para marcar época. Lembro-me de detalhes interessantes, como os pagens, as Ritinhas, uma nova versão da novena, um bazar montado onde hoje é a loja Schmidt, a coroação do dia 22 por duas Ritas, já idosas. Nesse mesmo ano chegou de Cássia, a imagem de Santa Rita, que se encontra em sua capela, numa urna que é fac-símile da original. Benditas as mãos do artista Sr.Joaninho Constanti, responsável pela sua confecção. No dia 13, primeiro dia da novena, no começo da tarde, uma grande e piedosa procissão levou o Santo Cruzeiro para o lugar onde até hoje se encontra. Tornou-se por algum tempo o “dono do morro”. Atração, à frente de uma enorme paineira. Não havia estrada, foi aberta especialmente. Homens se revezavam para carregar a cruz e o povo recebeu de presente a miniatura do cruzeiro e uma imagem de Santa Rita de Cássia. Ainda tenho a minha! A procissão ia subindo o morro, um enorme cafezal, rezando e cantando. Fogos espoucavam, a banda tocava e eu ouvia tudo... do Hospital Antônio Moreira da Costa. Minha mãe fora operada naquela manhã, com sério risco, pela equipe do Dr.Gabriel Meireles de Miranda, de Pouso Alegre. Gemia de dores, ligada a um tubo de oxigênio. Quando podia, ela dizia:”-Estou queimando! Me acudam!” E tentava levantar as pernas, coisa que meus irmãos impediam forçando seus joelhos. Pobre mãe! Em sua bondade extrema as enfermeiras e religiosas de plantão, para aquecê-la, pois a pressão abaixara muito, colocaram-na sobre bolsas de água fervendo. Quando foram trocar as bolsas, num outro ato de atenção, saíram peles e carnes das suas pernas e cochas, grudadas nas bolsas... Levou um ano para cicatrizar as queimaduras. Andar foi um milagre, pois os tendões ficaram seriamente danificados. Lutadora como era, conseguiu! Ao se sentir perfeita outra vez foi agradecer Nossa Senhora Aparecida com os familiares e amigos. Condução grátis para todos, num caminhão do Rodoviário São Cristóvão, de propriedade de seus filhos e que tinham costume de fazer esse tipo de transporte. Era assim: adaptavam bancos na carroceria e faziam uma cobertura de lona. E dá-lhe poeira pelas estradas sem asfalto! Hoje, mal se vê o Santo Cruzeiro, em meio às antenas que foram lhe fazer companhia...Mas eu o vejo, da minha janela e me perco em recordações.
4 de maio de 2011 | By: Rita Seda Pinto

Dia das mães

Dia das mães
Rita Seda

A mãe é figura primordial na vida do ser humano. Uma ou outra pessoa pode faltar no universo de cada ser, mas, não, a mãe! Quando Deus criou a mulher e deu-lhe essa sublime missão deu-lhe, também, um sexto sentido. Talvez seja por isso que a mãe é dedicação em tempo integral, cuidando com tanto desvelo do filho quando bebê e dependente dela, e iluminando seus passos, quando já adulto e distante, pelas circunstâncias da vida, acompanhando-o com freqüentes orações, que se transformam em gotas de ternura e dedicação caindo de mansinho no coração do filho. E mesmo não estando mais presentes neste mundo as mães continuam guiando os filhos pelas estradas da vida, com seu carinho, que tem por objetivo transportá-los para mais perto de Deus. Ela, que foi a personificação do amor na vida terrena, na eternidade passa a ser o alicerce que dá força, que estimula, que dá sentido à vida. É a certeza da existência do Divino na caminhada do filho.
Ser mãe é a maior realização de uma mulher. Poder gerar dentro do seu ventre uma nova criatura é mágico, é milagroso. Não importa que o corpo já não seja o mesmo, que tenha sofrimentos físicos, dores, desconforto. O mais importante na gravidez não é ela, é o filho que está para chegar. Seu coração passa a palpitar ao compasso do coração do filho. A espera torna-se muitas vezes impaciente, pois a maternidade parece uma eternidade para quem anseia ver o rostinho do filho. E é nessa espera que a mãe vai aprendendo a ser forte como o diamante, mas suave como a brisa.
A mãe tem o privilégio de possuir e esbanjar um amor puro, espontâneo, singelo, especial porque é o que mais se assemelha ao de seu criador. Devem ser respeitadas, amadas. O dia das mães não deveria ser um só. Deveria ser todos os dias do ano. E o filho, saber que a mãe não precisa tão somente de presentes. A ela bastaria apenas a presença dos filhos ausentes, o que também não implicaria em ser no dia das mães. Ela sempre se preocupa em estar presente nos dias especiais do filho, dias de sofrimento ou de alegria, com certeza gostaria de tê-lo a seu lado também em seus dias especiais que resultam desses mesmos sentimentos. Nem que seja apenas num telefonema! Assim é a mãe: um alô, um abraço, um beijo, uma flor, uma atenção, continuam a ser seu melhor presente.
Maria, exemplo e modelo de maternidade, peço inspirar todas as mães, para que tenham em ti um farol a guiá-las sob as bênçãos de Deus. És a Mãe por excelência e tens todas as virtudes de que precisam as mães.
28 de abril de 2011 | By: Rita Seda Pinto

Invenções

Invenções
Rita Seda

As invenções acontecem desde que o mundo é mundo. Muitas delas com muito trabalho, pesquisa e concentração. E para suprir uma necessidade. Mas algumas vezes, por acaso. Adams queria inventar uma borracha e acabou inventando o chiclete. O público infantil e adolescente vibrou! E os seus maxilares tiveram muito mais trabalho...
Um cientista europeu estava trabalhando em seu laboratório.
Cansado, saiu para caminhar e tomar um ar puro. Em seu caminhar pela estradinha cheia de mato, um carrapicho agarrou na barra de sua calça. Foi o que bastou para que ele inventasse o velcro, aquelas duas tiras aderentes que usamos para fechar bolsos, sacolas, bolsas, carteiras, etc. E onde ele estava era raríssimo esse tipo de vegetação, que para nós é abundante. Dá até raiva de tantos que agarram em nossa roupa. Por que não foi inventado por um brasileiro? Eu ou você?
Alguns insucessos deram, por sua vez, início a invenções. Alguns cientistas, em 1992, tentavam descobrir um remédio contra a angina. Não deu certo, mas os homens da aldeia galesa que faziam o teste se recusaram a parar de tomá-lo... Bom para os cientistas que começaram a vender o remédio, batizado de Viagra, para tratar um outro problema e bem diferente!
Muito conhecida é a descoberta da Penicilina, por Fleming, que ao fazer experiências com bactérias, tirou férias, mas esqueceu no laboratório uma lâmina suja. Ao voltar viu que as bactérias tinham tomado conta da lâmina, menos na área em que havia
mofo. O desleixo em esquecer de lavar uma lâmina teve duas conseqüências: a penicilina e o contrato de alguém para fazer a faxina...
Estou certa de que muitos dos meus queridos amigos já fizeram descobertas sensacionais. Eu posso garantir que ao deixar de graduar uma geladeira inventei o picolé de alface! Fiquei sem jeito, o que adiantou lavar de véspera para facilitar? Porém, Mariana, nossa neta, adorou! Ao errar numa carreira de tricô inventei um ponto novo! Ao me esquecer de colocar um ingrediente num bolo, inventei nova receita. Nem todas as invenções tornam-se úteis, mas se encaradas com humor, fazem um bem ao fígado, garanto que fazem.
26 de abril de 2011 | By: Rita Seda Pinto

TECENDO A VIDA

Tecendo a vida...
Rita Seda

Sempre gostei de fazer um trabalhinho manual. Com mais ou menos sete anos minha querida prima Ditinha Pata ensinou-me a fazer sapatinhos de tricô. Devo esse meu gosto grande parte a ela. Que enorme paciência precisou para ensinar-me, com tão tenra idade. Mas valeu, Ditinha! Obrigada, novamente! Daí por frente, fui me aperfeiçoando, tricotei muitos casaquinhos para sobrinhos, amigos e, é claro, para meus filhos! Quando Letícia começou a andar fiz para ela um vestido rosa, lindo de morrer, cheio de pregas que o próprio trabalho ia formando. Só restou uma foto... Quando Ivon Jr. nasceu, minha vizinha teve seu filho na maternidade de Itajubá e lá comprou um casaquinho azul tão lindo que Édina Carneiro apelidou de paletózinho do príncipe. Todas queríamos fazer um igual, mas não tínhamos receita. Apelei para toda minha capacidade de tricoteira e consegui desvendar os segredos daquelas bonitas listas horizontais, de outra cor, que enfeitavam a sua frente e fiz a receita para todas. Transformar um novelo de lã em uma peça para vestir, depende do primeiro ponto e muita disciplina. Eu sempre marcava a tarefa para o dia, o prazo de terminar, e misturava tudo com o entusiasmo e a fé. Sem esses ingredientes não os realizaria nunca. Um dia ganhei do Ivon uma Lanofix. Máquina de fazer em um dia o que eu gastava, no mínimo quinze... Foi Dona Salma Kallas, a amiga paciente e artista em tricô e crochê, que me ensinou a lidar com a máquina. Obrigada, Dona Salma! Nunca esquecerei suas lições. Mas, fazer à mão tem um encantamento especial. É como pegar um terço e pausadamente, ir de conta em conta, subindo meia centena de degraus até chegar mais perto de Deus e de nossa Mãe. É como Jesus, que deu um primeiro passo e, penosamente, foi subindo o íngreme calvário, para consumar sua paixão na morte. Ele sabia o que o esperava, mas, sabia, também, que de cada passo seu, dependia a salvação do mundo. Podia salvar de outro modo... Não temos as lanofix, hoje moderníssimas?Ele também teria outras maneiras! Mas já estava previsto pelos profetas tudo que ia sofrer e Ele não recuou. Sob a cruz, enfrentou dores e humilhações, traições e negações, caiu por três vezes e, ensangüentado, retomava o caminho, por amor a nós. Jesus teceu a nossa Salvação ponto por ponto, passo por passo, prego por prego, gota a gota de sangue. Sua ressurreição venceu a morte e por ela todos nós podemos ver brilhar a vida que Deus Pai criou para toda a criação. Mas é preciso cuidar melhor da casa de todos nós: o ameaçado planeta terra!
16 de abril de 2011 | By: Rita Seda Pinto

A voz humana singela homenagem

A voz humana- singela homenagem
Rita Seda

Você já parou para ouvir sua própria voz? Se ainda não, faça isso. Nós estamos acostumados a ouvir a voz dos outros, a gostar de algumas, a implicar com outras, a ser fãs de cantores, atores e locutores e é a voz que nos leva a isso. Já imaginou que a voz é o único instrumento musical que não foi criado pelo homem, mas, sim, por Deus, seu Criador?É tão perfeito e o carregamos dentro do nosso corpo. É o único instrumento vivo. A voz é muito importante para o ser humano, está intimamente ligada à necessidade que temos de nos comunicar e agrupar. Além disso, cada pessoa tem uma voz única e especial, com características singulares. Vem a ser a fonte de nossa expressão sonora. Claro que podemos nos expressar através de gestos, e que muitas pessoas acompanham a emissão da voz a um gesticular impressionante... Saudade da mamãe! Como gesticulava quando falava! E olhe que falava muiiiiiito! A voz demonstra nosso estado de alma. Observe a fala de alguém cansado, ou triste, alegre, calmo, nervoso e note como a voz soa diferente em cada circunstância. Muda de intensidade, altura, inflexão, timbre. Observem nos noticiários da TV, as pessoas, homens e mulheres, quando estão passando por uma grande comoção e notarão esse detalhe. A voz não nos deixa mentir... Precisamos cuidar da nossa voz: não gritar, usar um tom normal. Não ingerir líquidos em temperatura em extremo: nem muito gelada, nem muito quente. O fumo e o álcool são altamente nocivos à voz. Outro fator perigoso para a voz é o ar condicionado pela redução da umidade do ar. E também os alimentos muito condimentados, pois eles provocam azia, má digestão e em conseqüência o refluxo, que queima as pregas (cordas) vocais. Neste dia da Voz quero fazer minha homenagem a um conterrâneo, que recebeu de Deus o dom de uma voz maravilhosa: Waldir Lemos. Tenho imenso prazer em curtir uma bela voz. Mas entre tantos CDs de grandes cantores que rolam por aí, para mim, o número um se chama Mãe Iluminada. Primeiro, pelo objetivo de homenagear sua querida mãe. Segundo, pelas lindas composições do próprio autor. E especialmente pela voz do intérprete. Sou fascinada por essa voz. Não há uma voz masculina, na atualidade, tão melodiosa, tão natural e inebriante como a dele. E aqui tão perto de nós! Meu coração vibra de emoção quando ouço meu amigo Waldir Lemos soltar seu vozeirão, em nosso Santuário, numa humildade e simplicidade ímpares, como ímpar é sua voz.Agradeço a Deus pelo dom com que agraciou nosso querido Waldir.
14 de abril de 2011 | By: Rita Seda Pinto

A voz humana- singela homenagem

A voz humana- singela homenagem
Rita Seda

Você já parou para ouvir sua própria voz? Se ainda não, faça isso. Nós estamos acostumados a ouvir a voz dos outros, a gostar de algumas, a implicar com outras, a ser fãs de cantores, atores e locutores e é a voz que nos leva a isso. Já imaginou que a voz é o único instrumento musical que não foi criado pelo homem, mas, sim, por Deus, seu Criador?É tão perfeito e o carregamos dentro do nosso corpo. É o único instrumento vivo. A voz é muito importante para o ser humano, está intimamente ligada à necessidade que temos de nos comunicar e agrupar. Além disso, cada pessoa tem uma voz única e especial, com características singulares. Vem a ser a fonte de nossa expressão sonora. Claro que podemos nos expressar através de gestos, e que muitas pessoas acompanham a emissão da voz a um gesticular impressionante... Saudade da mamãe! Como gesticulava quando falava! E olhe que falava muiiiiiito! A voz demonstra nosso estado de alma. Observe a fala de alguém cansado, ou triste, alegre, calmo, nervoso e note como a voz soa diferente em cada circunstância. Muda de intensidade, altura, inflexão, timbre. Observem nos noticiários da TV, as pessoas, homens e mulheres, quando estão passando por uma grande comoção e notarão esse detalhe. A voz não nos deixa mentir... Precisamos cuidar da nossa voz: não gritar, usar um tom normal. Não ingerir líquidos em temperatura em extremo: nem muito gelada, nem muito quente. O fumo e o álcool são altamente nocivos à voz. Outro fator perigoso para a voz é o ar condicionado pela redução da umidade do ar. E também os alimentos muito condimentados, pois eles provocam azia, má digestão e em conseqüência o refluxo, que queima as pregas (cordas) vocais. Neste dia da Voz quero fazer minha homenagem a um conterrâneo, que recebeu de Deus o dom de uma voz maravilhosa: Waldir Lemos. Tenho imenso prazer em curtir uma bela voz. Mas entre tantos CDs de grandes cantores que rolam por aí, para mim, o número um se chama Mãe Iluminada. Primeiro, pelo objetivo de homenagear sua querida mãe. Segundo, pelas lindas composições do próprio autor. E especialmente pela voz do intérprete. Sou fascinada por essa voz. Não há uma voz masculina, na atualidade, tão melodiosa, tão natural e inebriante como a dele. E aqui tão perto de nós! Meu coração vibra de emoção quando ouço meu amigo Waldir Lemos soltar seu vozeirão, em nosso Santuário, numa humildade e simplicidade ímpares, como ímpar é sua voz.Agradeço a Deus pelo dom com que agraciou nosso querido Waldir.
9 de abril de 2011 | By: Rita Seda Pinto

Colcha de retalhos

Homenagem aos meus compadres, em sua Missa de Bodas de Ouro
lida por nossa afilhada, Rosana Cláudia

Bodas de Ouro de
Benedito Cândido de Souza e
Maria José Cândido de Souza
Queridos pais.

Há exatos 50 anos vocês estavam nesta mesma Igreja, que de Matriz passou a ser Santuário, mas sempre tendo como padroeira nossa querida Santa Rita de Cássia. Eram dois jovens cheios de sonhos e esperanças. Rodeados de seus pais, familiares e amigos, vieram buscar na bênção da Igreja a concretização para a vida familiar. Deus sempre teve um lugar especial em seus corações e no lar que iniciaram. No dia a dia de sua jornada familiar foram tecendo uma colcha de retalhos. Muitos e muitos retalhos foram sendo trabalhados. Todos em forma de coração. Veio José de Cássia, o primeiro filho, que em sua inexperiência em cuidar de filhos, deve ter-lhes provocado um grande alvoroço. Mas havia avós, padrinhos, vizinhos, cada qual com seu retalhinho para ajudar na bela colcha de retalhos que construíram. Depois, veio Rita Salete, tinha que ser Rita, pois nossa padroeira estava sempre presente na colcha... E havia a trabalheira da casa, o oficio de pedreiro exercido com retidão, para prover a família. Logo mais foi chegando Ronaldo, Rogério, Sérgio Augusto e por fim, a Rosana Claudia, para encerrar com chave de ouro. Se ficasse apenas Rita Salete não daria certo: ia se sentir muito rainha, no meio dos meninos! Os retalhinhos da colcha foram aumentando, os filhos completaram o time que Deus quis partilhar com vocês, mas houve mais dois, que enriqueceram a colcha de retalhos, e nela também se abrigaram...O George Rosa e o Francisco Rosa, filhos do coração. Quanto trabalho e dedicação para construir uma colcha de retalhos que hoje abriga filhos, genros, noras, netos, além de uma infinidade de amigos. Vocês construíram uma colcha resistente, colorida e bela, porque cada retalhinho foi costurado com a linha do amor de Deus. Se não fosse essa linha a colcha não teria a unidade que tem. Se olharmos bem para ela veremos retalhos manchados, que são aqueles tirados das doenças e sofrimentos. Veremos retalhos coloridos e brilhantes, porque foram tirados das festas, dos nascimentos e batizados, casamentos, reuniões de Natal...Veremos retalhos molhados, úmidos do choro de alguém, que sempre há choro na vida, mas misturados aos vibrantes retalhos dos risos, tudo ficou contrabalançado. Eu sou um retalhinho risonho que já colaborou na colcha com mais outros retalhos, esposo, filhos e muita vida que Deus me deu. Cada um colaborou, queridos pais para que essa colcha fosse sendo montada, mas que não vai parar tão cedo, pois muitos retalhinhos em forma de coração, a enfeitarão. Com o auxílio da linha do amor de Deus, vamos longe, tenho certeza. Obrigada, papai e mamãe, em nome da família toda, por terem colocado os dois primeiros retalhinhos, e junto deles um maior, muito maior: o amor de vocês dois, numa união longa, repleta de respeito e exemplos para nós e para o mundo.Parabens!
30 de março de 2011 | By: Rita Seda Pinto

Árvore no meio da rua





Dia destes, pela Internet, recebi fotos e frases de Portugal, com a intenção de provocar risos e caçoadas. Entre as fotos, uma que poderia se dizer que é de nossa terra, feita em uma da nossas ruas... Lembrei-me do carinho de nossos concidadãos pela “sua” árvore e resolvi prestar uma homenagem a ela e a eles...Na terra das Sapucaias há uma peculiaridade vegetal no mínimo curiosa: uma grande árvore no meio da Rua João Renó. Bem em frente da casa que Tonhão construiu e viveu muitos anos. A rua não é larga, é comum como quase todas as ruas da cidade. Ao passar por ela, de carro, só cabe um de cada lado da tal árvore. Tonhão, contou-me que ali era um local cheio de vegetação. A rua foi espichando para abrigar mais casas e a vegetação foi sendo sacrificada. Mas era tão linda aquela árvore que as serras não ousaram tocá-la. A rua continuou seu itinerário rumo ao desenvolvimento, casas e mais casas construídas. Veio o calçamento, foram construídas calçadas para os pedestres, mas a árvore permaneceu firme onde nascera. Foi feita uma proteção em volta de seu tronco e plantadas flores. Contou-me que já foram celebradas missas sob sua copa, celebrando algum fato notável para a vizinhança, o que aumentou ainda mais sua importância para eles. Claro que já houve o perigo de cortá-la. O ato só não foi consumado porque os moradores se opuseram com forte clamor. Ela faz parte da paisagem. Ela tem vida e dá vida, em forma de beleza, oxigênio, sombra e companhia. É reconhecida, admirada e amada não só pelos vizinhos, pássaros e borboletas, pelos habitantes da comprida rua, mas também pela maioria dos cidadãos, que quando se referem a algum morador ou loja daquela rua, vão logo dizendo:-É antes (ou depois) da Árvore! Ou ainda:- Fica pertinho da Árvore! É dignificante observar tanto amor a uma árvore, respeitada, embora esteja fincada no meio de uma via pública, quando tantos sacrificam outras, em locais onde não atrapalham em nada o cidadão. Mas acontece. Certa vez uma empreiteira que trabalhava para a companhia energética, com a desculpa dos galhos estarem quase atingindo os fios de eletricidade, sem nos comunicarem, invadiram nossa chácara e cortaram nossos ipês novinhos, os da beira da cerca, onde havia o perigo de atrapalhar a rede. Não satisfeitos, cortaram outras árvores, que nada atrapalhariam. Bem, as árvores tinham sido plantadas antes dos fios. Como poderíamos adivinhar que colocariam os postes do nosso lado? E não tinham obrigação de antes, falar conosco? Nessa gracinha cortaram um pé de ipê branco que eu nunca mais consegui muda. Coisa da vida! Tiramos fotos, demos queixa à companhia eletrificadora, que, é claro, eximiu-se de culpa e culpou a empresa contratada por ela. Em cidades grandes e capitais tenho visto árvores debaixo da fiação elétrica, podadas para não tocarem os fios. São verificadas de tempos em tempos. Atitude corretíssima. A árvore não raciocina. Se ela causa acidente é por culpa de quem tem a responsabilidade de cuidar. Lembro-me que cantávamos no primário: -Salve ó árvore bendita, que dás fruto, aroma e cor... Parabéns, moradores da Rua João Renó por seu respeito `a natureza! E parabéns a Portugal, não sei se seguiu o exemplo ou se o deu aos nossos conterrâneos, mas que é lindo, garanto que é!

Tempo de pinhões

Tempo de pinhões
Rita Seda

Hummm! Que delícia... Já podemos encontrar pinhões no mercado. Já é a segunda semana que trago, lá da Rita, Casa de Frutas Santa Rita. Eu escolho bem, vou separando os mais gordinhos para trazer... Cozinham que é uma beleza! Aí, é hora de comê-los com açúcar, em farofa, refogado, enfim, deliciar-me com mais esse presente de Deus. Mamãe e Pedrinho são minha referência para comer pinhão. Após o almoço, ela trazia um soquete de ferro, ajeitado,e ia macetando com ele os pinhões cozidos. Pedrinho preferia comê-los sem nenhum tempero. Mamãe também. Eu não dispensava o açúcar. E ali a gente ficava, sentados na grande mesa da cozinha, jogando conversa fora e devorando os pinhões. Entrava e saía safra e nós, sempre fieis ao ritual. Não é à toa que até fiz mudas e plantei pinheiros. Levaram mais de trinta anos para dar suas pinhas, só no ano passado começaram, timidamente a produzir. Já ando rondando o local. Mas o importante mesmo é a beleza das árvores, seu verde brilhante, as ramas agressivas, que ferem quem nelas encosta. São muito boas para acender o fogão de lenha... Na zona rural são usadas para pelar porco. Sempre que vou a Aparecida, neste tempo de pinhões, aproveito para trazer alguns, daqueles que os meninos ficam vendendo no bar da Barreira. Os de lá têm um sabor especial. Afinal, os pinheiros preferem as montanhas! Certa vez, numa romaria da Sociedade São Vicente de Paulo, tendo ido de carro, demos carona, na volta para umas amigas, entre elas, Luzia Silvério. Paramos num ponto de vendas -desses que vendem tudo na beira da estrada- e entre outras coisinhas separamos muitos saquinhos de pinhão, que fomos escolhendo e colocando no chão, atrás do carro para que o Ivon os colocasse no bagageiro. Quando aqui chegamos e cada um foi pegar seu pinhão, surpresa! Tínhamos deixado no chão, lá na serra... Quem mandou ser lerdos, né? Mas o caso ficou gravado na memória...Sempre que nos encontramos e comentamos, damos boas risadas!

Doentes e doenças

Doentes e doenças
Rita Seda

Dias atrás andei pensando em quanta razão tinha a minha mãe.Ela lutava contra a doença e vencia sempre. Surpreendia médicos e família com a sua pertinácia. Naquele tempo a medicina não tinha a tecnologia de hoje, a pessoa não precisava se preocupar tanto com “sua” doença... Certa vez, já idosa, às voltas para ordenhar uma cabra, enroscou-se na corda que prendia o animal, caiu e quebrou o osso ilíaco, quebrou a bacia, como se falava. Minha mãe se recusou a fazer uma radiografia no hospital local. Ela era teimosa, pensava que não precisava. Meu irmão, o Pedrinho, preocupado, chamou Dr. Clemildes, de Pouso Alegre, que trouxe um aparelho de raio-x portátil e tudo ficou resolvido. Além do medicamento para tirar a dor não havia procedimento para ajudar a cicatrização do osso, a não ser, repouso. Quem a conheceu sabe que ficar parada era o maior castigo. Ficou quietinha alguns dias, havia só eu e Pedrinho em casa, a gente vigiava. O Zé Seda, que morava bem perto, também ajudava na vigilância. Certo dia, baixamos a guarda um pouco e quando notei ela estava andando, escondido de nós, empurrando uma cadeira, como se fosse um andador. Avisado seu médico, o competente e muito dedicado Dr.José Alencar Viana, veio imediatamente, examinou-a e mal disfarçando um sorriso nos disse que nossa mãe era excepcional, que deixássemos que ela experimentasse as melhoras de vez em quando... Animada, ela continuou a exercitar-se e logo largou a cadeira e andou desinibida... Aquela soube ser forte e corajosa!Minha mãe nunca foi uma doente. Teve, sim, doenças...

Amar e ser amada

Amar...e ser amada!
Rita Seda


Uma das mais gostosas coisas deste mundo é sentir-se amada. Sentir que alguém (quantos mais, melhor...) tem a gente no coração, pensa em nós, preocupa-se conosco... Aquele abraço apertado dos encontros, um simples olhar e perceber que o sentimento ali está. Uma conversa que rola mansa e que tem, algumas vezes, cochichos de segredinhos. Ou um puxão de orelhas, que de tão delicado, mais parece um afago. Nada neste mundo, a não ser o Amor de Deus, é mais agradável. Quem tem amigos assim, tem tudo no mundo. Existem pessoas que tem tal afinidade com a gente que até adotamos como filhos. Rimos com elas, choramos também, rezamos, (quem não precisa sempre de uma oração?), enfim estamos ligadas. Porque sentir-se amada é mais ou menos assim: não se sentir comparada, entender que cada um tem as suas características, pois é nessa diversidade que o mundo fica tão bonito! Sentir-se amada é ser erguida em nossas quedas e nem por isso sentir-se humilhada. Sentir-se amada é não se apegar a êxitos e nem mesmo correr atrás deles, entender que o seu brilho é tão momentâneo, que se a gente o valoriza demais, é capaz de estacionar na vida para usufruí-lo e então... nunca mais realizar nada! Sentir-se amada é perceber que quando o amor chega até nós, a mente ruidosa com as banalidades do dia a dia, enche-se de sinfonias celestiais. Sentir-se amada é sair de um sentimento de raiva para um sentimento de compaixão por quem provocou o sentimento negativo, pois cada um dá o que tem! Por aqui vimos que para se sentir amada não se precisa de muita coisa. E se a gente não conseguir sentir-se amada pelo irmão, acredito eu, nunca chegaremos a nos sentir amados por Deus. Então, a coisa pega! Vamos abrir o nosso coração, de verdade, ao AMOR? Amar para sermos amados!
21 de março de 2011 | By: Rita Seda Pinto

Arco-iris

Arco-iris
Rita Seda

Retornando da chácara, num domingo, numa curva da estrada deparamos com um belo espetáculo: um duplo arco-íris. Parecia tão próximo da gente, saído do meio de uma capoeira, alcançava o outro lado do monte fazendo aquele arco perfeito no céu. Que compasso seria capaz de traçar algo daquele tamanho? Ivon, que sempre carrega a câmera, desceu para eternizar aquela maravilha, em fotos. Continuando o caminho paramos mais duas vezes, pois a cada curva a visão parecia mais formosa e chamativa. Parecia uma criança tentando segurar o seu brinquedo. Nos olhos, o mesmo brilho dos olhos da criança diante dum brinquedo novo. Só faltou sair correndo e ir ao pé do arco-íris buscar o pote de ouro... Há tempos eu não via esse fenômeno que resulta da combinação de dois elementos naturais, o sol e a chuva, com as cores tão nítidas e brilhantes. A luz do sol é separada em seu espectro quando ele brilha sobre gotas de chuva. Algo natural, mas tão fascinante que já inspirou poetas, músicos, pintores. O artista é capaz de captar o que lhe oferece a natureza, que, fora do domínio da cidade, tem um tal esplendor que dá vontade de ficar sempre ali.Tão fascinante e tão fugaz! Quando eu era criança gostava de regar o jardim para “criar”arco-iris.Procurava os melhores ângulos e, de mangueira em punho, ia esguichando a água onde batiam os raios de sol e aparecia o espetáculo colorido.Momentos de inteira felicidade... O mesmo acontece com as noites estreladas, enluaradas, os vagalumes piscando sua luzinha azul, confundindo-se com estrelas, o coaxar dos sapos e o sonoro e estridente cricrilar dos grilos. A Bíblia conta que, após o dilúvio, Deus enviou o arco-íris como forma de aliança, prometendo, não mais castigar seu povo com a grande inundação. A natureza oferece-nos momentos de intensas emoções. Infelizmente, esquecemos delas, ou melhor, as trocamos pela tecnologia. Despertar com o cantar dos pássaros, abrir a janela e notar o brilho diamantino da gota de orvalho numa folha ao sol, não tem o que pague. Bem, tudo que é de graça, encanta. Ninguém paga pelo amor, pela amizade, pelo sorriso, pelo abraço. E são as melhores coisas que podemos dar e receber...
15 de março de 2011 | By: Rita Seda Pinto

A Você,Tiago

A você,Tiago
Rita Seda

Você foi guerreiro da coragem,do amor e da paz. Viveu pouco, mas intensamente. E muito sabiamente. Sendo tão jovem foi capaz de ensinar-nos tanto porque muito amou. E afinal, é o amor que dá sentido à vida, seja ela de muita ou pouca duração. É o amor que toca o coração da gente.
Deus colocou em você a coragem para enfrentar com galhardia a doença que a todos apavora. Foi capaz de fazer brincadeiras até o limite, sofrer sem se desesperar, ensinar o sentimento maior porque ele morava dentro de você. O coração deveria estar como um vidro trincado, prestes a se desfazer em pedaços, vendo sua tão querida, pequena e frágil filhinha, sua esposa, seus pais, avós e demais familiares e amigos que tanto amava, sabendo que a qualquer momento deveria deixá-los, mas encontrava coragem e força para sorrir. Seu semblante foi sempre inundado de amor. Em seus últimos dias, Jesus deve ter projetado fachos de sua luz em seus olhos, para que visse ao mesmo tempo este mundo e já o esplendor do outro, muito mais atraente, pleno da glória de Deus. Acredito que sua luta foi para dar um pouco mais de alento a quem não queria abrir mão de sua companhia, mas quando Jesus estendeu-lhe os braços, não resistiu ao chamado para viver na plenitude do amor de Deus. E foi sorrindo ao seu encontro, levando um pedacinho dos que aqui ficavam, deixando em seu lugar uma enorme saudade. Não podemos dizer que há um vazio, pois o amor que você esbanjou em sua vida, tão breve, deixou lembranças e lições. Hoje sabemos que não há coragem sem amor. Que amor se vive...ou não! Sabemos agora que o amor quebra barreiras, prolonga a vida, sustenta um coração trincado. Que a paz e a união são frutos do amor. Seus gestos foram sempre de pura doação e dedicação, trabalho e carinho, atenção e delicadeza. Confiança e alegria contagiante! Você se foi, e aqui ficou, em tantos, a enorme esperança de ver nascer no firmamento divino mais uma estrela fulgurante: você! Que viveu com autenticidade o único sentimento que realmente dá sentido à vida.Do sacrário misterioso do seu íntimo você o espalhou a todos,até encontrar-se face a face com aquele Jesus que lhe doou o dom do amor e o amou primeiro.
4 de março de 2011 | By: Rita Seda Pinto

Nhá Chica de Baependi

Nhá Chica de Baependi
Rita Seda


Junto com a notícia da beatificação do Papa João Paulo II recebemos outra, também alvissareira: Nhá Chica será beatificada em maio.Teremos uma Beata Mineira!
Vamos conhecer um pouquinho da vida de Nhá Chica. Seu nome é Francisca de Paula Jesus Isabel Nasceu a 26 de abril de 1810, no distrito de São João del Rei, Santo Antônio do Rio das Mortes Pequeno.Foi batizada na Igreja de Santo Antônio, naquela localidade e nós tivemos a graça de conhecer a pia batismal que a fez uma cristã. Foi tudo por acaso, passávamos na estrada e uma placa anunciava o fato. Devotos dela, não poderíamos deixar de visitar o local. Era uma pessoa sem o mínimo conhecimento das letras, Levou uma vida virtuosa, para o trabalho e para Deus, numa casinha humilde, em Baependi. Devota fervorosa de Nossa Senhora da Conceição, com quem tinha a graça de conversar. Daí ter recebido o pedido de construção de uma capela onde a Virgem Maria fosse venerada. Contratou o pedreiro, que lhe fez a relação do material necessário. Com ajuda do povo, que a essa altura já conhecia seus dons excepcionais, pôde comprar os tijolos de adobe. A certa altura da obra o pedreiro lhe disse que o material ia faltar, ao que ela respondeu que a “Dona da Capela” resolveria. Terminada a obra, com o material existente, foi colocado o último tijolo...Não faltou e nem sobrou! Pronta a capela, Nossa Senhora pediu-lhe para comprar um órgão para acompanhar as celebrações. Ela foi falar com o pároco, Mons. Marcos Pereira Gomes Nogueira e só então ficou sabendo que órgão era um instrumento musical. E caríssimo... Recebeu nova orientação de sua Senhora, voltou ao pároco e lhe disse que no Rio de Janeiro, na Rua São José, 73, chegara o órgão que ela deveria comprar. Nova doação do povo e o músico Francisco Raposo, que tem descendentes em nossa cidade, foi incumbido de ir comprá-lo e despachá-lo. Veio de trem até Barra do Pirai,chegando ao destino em carro de boi. Marcado o dia para a sua inauguração, o maestro dedilhou o teclado e...nenhum som saiu. Pensaram todos que fosse efeito do transporte ou tivesse defeito. Logo, Nhá Chica, foi dar uma prozinha com a Virgem Maria e avisou-lhes que a inauguração seria no dia seguinte, às 15 horas.E acrescentou: deveriam cantar a Ladainha. E realmente, deu tudo certo, pelas mãos exímias de seu Francisco Raposo e coro do povo. Conto isso para revelar um pouco da alma simples e confiante de Nhá Chica. Em nossa família temos muitos devotos seus.Começou com minha mãe, que ao chegar ao Brasil pelo porto do Rio de Janeiro, fixou morada, com seus pais e irmãos, em Baependi. Nhá Chica ainda vivia. Faleceu a 14 de junho de 1895, imagino que, entoando a Ladainha e a Salve Rainha! Se Deus o permitir gostaria de presenciar o ato de sua beatificação. Que honra para a filha da Dona Pepa, que a conheceu tão de perto! E certamente para o escritor Paulo Coelho, um de seus inúmeros miraculados.
3 de março de 2011 | By: Rita Seda Pinto

Resgate:Meu filho, meu herói!

Uma distinta dama atrás do volante de uma Pajero prata. Musiquinha ambiente, ninguém para dar palpite, mas, que pena! nem para conversar. Confiante, vai deixando para traz os últimos trechos da Fernão Dias para entrar na Paulicéia. Mudara-se para a capital, mais precisamente para a Vila Mariana, há pouco tempo. Diga-se de passagem que nunca entrara dirigindo assim, tão sozinha, na grande metrópole. Mas coragem não lhe faltava. E a necessidade deu também um empurrãozinho... E lá ia ela, curtindo a musica dos anos 60. De repente surgiu um alerta:-Parece que nunca vi esta rua...Um segundo depois percebeu que estava na rota errada. Estava perdida em São Paulo! Por que ainda não inventaram o GPS? Bom, inventar, inventaram, desde a segunda guerra. Não estão ainda comercializando, né dona? Mas foi rodando, rodando pelo asfalto, já aterrorizada, quando, sem nem perceber, fez uma conversão errada e bem na frente de uns guardas de trânsito. Pensou: tô ferrada! E estava mesmo. Nessa hora já se instalara o pânico. Viu um casal de guardas mais adiante e resolveu parar e pedir ajuda. Muito delicado,com certeza porque percebeu a situação de ansiedade da motorista-este era um profissional que entendia de psicologia- foi perguntando onde ela desejava chegar e quando ouviu a resposta informou que ela estava muito longe de casa... Seu guarda, me ensina o caminho, suplicou. -Daqui não tem nem jeito, minha senhora!-Seu guarda, eu já fiquei perdida no Jardim da Luz quando era criança e vim passear com meus pais em São Paulo. EU TENHO TRAUMA, seu guarda! Chama um táxi para mim, pelamor de Deus!!!- Nisso a comunicação entre guardas se fez e ela ouviu aquela voz estridente do outro lado falando que uma Pajero prata estava cometendo infrações perigosas, verdadeiras loucuras. Ficassem alertas! Fez de conta que não ouviu e foi aí que se deu conta de chamar seu filho pelo celular para vir salvá-la. Foi tiro e queda. O guarda ainda perguntava para quê ela queria o táxi, quando, recuperando a calma, senhora de si, lhe disse: -Meu filho está vindo me socorrer. Desceu do carro e esperou junto dos guardas; acendeu um cigarrinho para descontrair e só chorou quando o filho chegou e a abraçou. - Enquanto enxugava as lágrimas para poder enxergar o trânsito, o guarda ainda a ouviu, pedindo ao rapaz para ir devagar para não perdê-lo de vista...Nesse dia ficou curada do trauma de infância! Santo remédio!
Moral:Trauma de infância só se cura com um drama de adulta!

Verdade X Fofoca

A espécie humana adora uma fofoca. Muitas vezes basta uma palavrinha, um sinal, para que alguém seja denegrido sem que se tenha base verdadeira. E o pior é que a pessoa em questão quase nunca fica sabendo que seu nome está correndo de boca em boca. Nem sua família. Num retiro que tomei parte, há muito tempo, falando-se em fofoca, foi contada uma historinha de uma pessoa que confessou ao sacerdote que havia cometido esse pecado. A penitência adotada pelo confessor era que levasse um travesseiro de penas na torre da igreja e do alto despejasse seu conteúdo. No outro dia, voltasse. Para completar, deveria catar as penas e refazer o travesseiro novamente... Impossível? Também impossível apagar da memória do povo as fofocas proferidas... Não é à toa que temos uma só boca, enquanto olhos e ouvidos temos aos pares. O que vemos e ouvimos, mesmo que provenha de fofoca, devemos guardar para nós mesmos. E se conhecermos a pessoa que é objeto da falação, ou sua família, que tal abrirmos um diálogo esclarecedor? Amizade se demonstra também nesse momento.O AMOR, segundo a primeira carta de São Paulo aos coríntios, em seu capítulo 13, entre outras verdades, diz que o amor é prestativo, não se alegra com a injustiça e fica feliz com a verdade.Ser prestativo nesse caso é esclarecer, é procurar a verdade para que se faça justiça. Em fofocas pode desaparecer toda a probidade da pessoa num piscar de olhos.- Ele(a) fez isso? Não esperava! Parecia tão santo(a)! É por isso que nossa obrigação é pesquisar na fonte. Isso é ser amigo! Repetir a fofoca é espalhar as penas do travesseiro que nunca mais poderão ser recuperadas. Passar a informação pelos crivos das três peneiras. O que está sendo falado é verdade?Sua veracidade é comprovada?Se não é verdade, não adianta passar para frente. O seu conteúdo traz em si a bondade? Se não traz, não fale! É útil para a pessoa em foco ou para a humanidade? Traz algum benefício?Bem, se não tenho certeza que é uma Verdade, que é Bom, e que tem Utilidade, melhor é calar. Este tríplice filtro é atribuído a Sócrates, sábio da Grécia antiga e que professava respeito a todos. Seja dele ou não, o correto é não passar para a frente um comentário, sem filtrá-lo através das três peneiras.

Rita versus Rede

Não sei bem quando me interessei pela Rede Social da Internet. De repente estava eu lá, fazendo muitas amizades, achando bom contatar familiares que residem longe, conversando com pessoas que não via há muito tempo. Ah! As comunidades! Fui selecionando algumas, amando outras, participando de muitas. Tudo muito bom. Mas vieram alguns problemas que me tomavam grande parte do meu tempo, umas amigas se tornaram amigas demais, enviavam compridas mensagens cheias de figuras, música, fui ficando um tanto entediada com tudo aquilo. Havia uma mensagem com musiquinha e a figura de um santo que eu gostava demais. Era a predileta. Às vezes lia todas as que chegavam, às vezes nem todas, às vezes nem lia inteira, deletava tudo, mas “aquela”, eu deixava. Não tirava por nada! Cansei das comunidades, deixei de abri-las. Passei uns dias sem acessar minha página. Foi então que minha filha começou a me pedir que encerrasse minha participação naquela rede. Sua cunhada, que também era minha “amiga” havia lhe telefonado alertando que havia coisa errada: minha página não estava combinando comigo. Que ela desse uma olhadinha nas minhas comunidades!E também nos recados que EU MANDAVA!!! Outras pessoas me alertaram por outros meios de comunicação. Estavam recebendo mensagens minhas que tinham certeza que não ERA EU que enviava. Minha página daquela rede fora invadida; minha privacidade,se algum dia existiu, deixou de existir. Eu nem cheguei a ver o estrago escandaloso inserido na minha página... Eram coisas escabrosas, tinham razão de se preocupar. Minha filha, de seu pc ,em São Paulo, monitorava. Tirava 10, entravam 20. Se era um vírus, com certeza, teria vindo com uma musiquinha e santinhos. O vírus engoliu meu blog também. Será que ele gostou do sabor? Acho que não, pois conseguimos recuperá-lo. A gozação dos familiares foi grande. Do Ivon,nem se fala...O pior (bem, para mim, o melhor!) é que, não tive coragem nem oportunidade para examinar a minha página, assim, muitas vezes não entendia as caçoadas. Acabou. Não tenho mais essa página. Meus amigos que me desculpem, mas tive que deixá-los.A grande verdade é que estamos sendo super vigiados, muitos são roubados e, no meu caso, achincalhada por alguém que usou a Rede.Uma verdadeira faca de dois gumes. Todo cuidado é pouco. Sentí-me uma peteca nas mãos não sei de quem!!! Senhores pais ou responsáveis pelas crianças e adolescentes: fiquem de olho naquilo que eles estão recebendo...e enviando pelas redes. A moral das famílias tornou-se vulneravel, inteiramente desprotegida.

A casa da esquina

Desde quando me lembro, na esquina da minha rua existia aquela casa. Agora não existe mais. Não caiu com deslizamentos ou com alagamentos. Sua solidez e localização não o permitiriam. Caiu sob a ação de máquinas possantes. Não vi sua construção, mas vi sua demolição. Ouvi e li os comentários lamuriosos de quem também viu o fim daquela casa. Ando padecendo para passar pelas suas imediações para chegar ao Santuário. Ficou perigoso, pois ela se situa em duas ruas, as calçadas estão interditadas e temos que nos precaver com os carros motos e bicicletas. Bicicletas?Perguntará você. E eu responderei: Sim, bicicletas não fazem barulho e andam na contramão... São bem mais perigosas do que carros e motos. Bem, mas voltemos à casa branca e linda. Sem igual. De uma beleza delicada, sem ostentação. Uma casa com um vasto andar inferior, na rua em ladeira, que nos foi emprestado muitos anos por seu proprietário para ser o Salão Paroquial, onde fazíamos nossas reuniões de JEC e de JOC, nossas festinhas de final de ano, de primeira Comunhão, de Filhas de Maria e outras que se realizavam antigamente. Enquanto a Igreja Católica não teve um local seu para isso, funcionava ali. Sem nada pagar. Mas Deus deu, com toda certeza, sua recompensa a essas almas generosas. Na casa, quantas pessoas foram recebidas, com carinho, pelos simpáticos donos! Quantas pessoas da família, parentes e amigos ela abrigou... Quantos lanches, almoços, pousos, foram oferecidos ali. Mas não era a linda casa: era a alma bondosa de seus donos, sempre no alpendre, saudando-nos sorridentes quando passávamos. A casa, para mim, era um sinal, uma lembrança daqueles distintos amigos. Eles se foram, agora é a vez da casa também ser levada no turbilhão das máquinas e dos operários. E eu pensava que pela solidez de sua construção ela ainda ficaria em pé por muito tempo... Algumas, mais velhas, continuam sua missão de abrigar pessoas, mesmo sem aquela clássica beleza. Guardamos as boas lembranças de quem ali viveu. Um dia nossa casa também poderá ser destruída, a casa que abriga nossa alma. Será que estamos agindo como os velhos donos da casa branca da esquina? Como se lembrarão de nós os que ficarem?
26 de janeiro de 2011 | By: Rita Seda Pinto

Papa João Paulo II












Papa João Paulo II

Rita Seda







Santa é a pessoa que viveu a sua fé e amor a Deus fazendo de sua vida um serviço de amor aos irmãos. Serve de modelo de vida e pode interceder a Deus por quem invocar sua ajuda.

Uma pessoa que marcou a história da Igreja no século XX e suas relações com o mundo foi o Papa João Paulo II. Por isso marcou a história da humanidade. Na primeira semana deste ano foi anunciada a sua beatificação, que ocorrerá a primeiro de maio de 2011. Quando falece, aos 84 anos, os jovens, que faziam vigília de oração e outras pessoas que lotavam a Praça do Vaticano, a 2 de abril 2005, gritavam a uma só voz:Santo súbito! Manifestavam o desejo que naquele momento já fosse reconhecido como santo quem o fora, de fato, em vida. Claro que para nós também já era e é. A Igreja, para declarar santa uma pessoa, é muito criteriosa. Há um longo caminho a percorrer, o processo só pode ter início após cinco anos da morte, há necessidade de testemunhas, documentos, comprovação de milagres. Um postulador é nomeado para coordenar o processo, até que, por decreto do Papa, seja considerado venerável, depois beato e por fim, santo. Ninguém vira santo depois que morre. E sabemos que existem no Céu muitos santos não canonizados... Quantos você e eu conhecemos! No caso de João Paulo II houve por bem abrir o processo logo após sua morte, já que sua santidade era tão amplamente reconhecida, que ocorreu essa manifestação assim que foi dada a notícia de seu falecimento. Quem viveu no seu tempo sabe o porquê. Na mocidade foi operário; até que perdeu a saúde foi atleta,artista, intelectual, e sabemos que viveu as agruras da segunda guerra com coragem excepcional. Exerceu o pontificado por 27 anos, nos quais se fez amar e admirar por católicos e não católicos. Cada visita a um país era uma verdadeira apoteose.Um dos fatos de sua vida que mais nos tocaram foi a visita que fez a quem atentou contra sua vida, levando-lhe o perdão.Gesto presente só em almas excepcionalmente generosas! O projétil que o atingiu está incrustado na coroa da Virgem, em Fátima, Portugal. Esse atentado provocou debilidade em sua saúde, antes tão forte, tendo sido submetido a diversas cirurgias. Nos últimos anos de sua vida foi acometido pelo mal de Alzeimer, minando de vez suas energias. Mesmo assim se apresentava diante das multidões com suas limitações humanas, com a mesma coragem e otimismo de quando esbanjava saúde. Poucos tem a humildade para fazer isso!

Nasceu em Wadowice, Polônia, a 18 de maio de 1920, tendo como pais Karol Wojtyla (era este também o seu nome) e Emília Kaczorowska, que faleceu quando ele tinha apenas 9 anos.Era conhecido em sua cidade pelo apelido Lolek.

Venerável Papa João Paulo II,rogai por nós!

Resgate: Meu filho, meu heroi!










Resgate:Meu filho, meu herói!

Rita Seda





Uma distinta dama atrás do volante de uma Pajero prata. Musiquinha ambiente, ninguém para dar palpite, mas, que pena! nem para conversar. Confiante, vai deixando para traz os últimos trechos da Fernão Dias para entrar na Paulicéia. Mudara-se para a capital, mais precisamente para a Vila Mariana, há pouco tempo. Diga-se de passagem que nunca entrara dirigindo assim, tão sozinha, na grande metrópole. Mas coragem não lhe faltava. E a necessidade deu também um empurrãozinho... E lá ia ela, curtindo a musica dos anos 60. De repente surgiu um alerta:-Parece que nunca vi esta rua...Um segundo depois percebeu que estava na rota errada. Estava perdida em São Paulo! Por que ainda não inventaram o GPS? Bom, inventar, inventaram, desde a segunda guerra. Não estão ainda comercializando, né dona? Mas foi rodando, rodando pelo asfalto, já aterrorizada, quando, sem nem perceber, fez uma conversão errada e bem na frente de uns guardas de trânsito. Pensou: tô ferrada! E estava mesmo. Nessa hora já se instalara o pânico. Viu um casal de guardas mais adiante e resolveu parar e pedir ajuda. Muito delicado,com certeza porque percebeu a situação de ansiedade da motorista-este era um profissional que entendia de psicologia- foi perguntando onde ela desejava chegar e quando ouviu a resposta informou que ela estava muito longe de casa... Seu guarda, me ensina o caminho, suplicou. -Daqui não tem nem jeito, minha senhora!-Seu guarda, eu já fiquei perdida no Jardim da Luz quando era criança e vim passear com meus pais em São Paulo. EU TENHO TRAUMA, seu guarda! Chama um táxi para mim, pelamor de Deus!!!- Nisso a comunicação entre guardas se fez e ela ouviu aquela voz estridente do outro lado falando que uma Pajero prata estava cometendo infrações perigosas, verdadeiras loucuras. Ficassem alertas! Fez de conta que não ouviu e foi aí que se deu conta de chamar seu filho pelo celular para vir salvá-la. Foi tiro e queda. O guarda ainda perguntava para quê ela queria o táxi, quando, recuperando a calma, senhora de si, lhe disse: -Meu filho está vindo me socorrer. Desceu do carro e esperou junto dos guardas; acendeu um cigarrinho para descontrair e só chorou quando o filho chegou e a abraçou. - Enquanto enxugava as lágrimas para poder enxergar o trânsito, o guarda ainda a ouviu, pedindo ao rapaz para ir devagar para não perdê-lo de vista...Nesse dia ficou curada do trauma de infância! Santo remédio!

Moral:Trauma de infância só se cura com um drama de adulta!

Obs.Qualquer semelhança com pessoa da família é mera coincidência...
20 de janeiro de 2011 | By: Rita Seda Pinto

Mamãe e São Sebastião




Mamãe e São Sebastião

Rita Seda





Quando veio da Itália minha mãe era ainda adolescente. Mas trouxe na bagagem do seu coração a lembrança de muitas tradições de sua terra. Uma delas era a devoção aos santos italianos. Sebastião, Francisco, Antonio formam um trio de santos muito presentes nos nomes dos filhos e dos netos. Não será por simples acaso...

Lembro-me muito bem, ainda criança, caminhava com ela pela Rua da Ponte, entrava na Rua do Queima e parávamos logo no início, diante de uma capelinha minúscula, à beira da calçada. Não me lembro onde ela buscava a chave, mas abria a porta e entrávamos naquele lugar pequenino, que guardava no lugar de honra uma imagem de São Sebastião. Mamãe sempre levava flores, às vezes uma toalha nova com bico de crochê feito por ela e bordada a ponto de cruz pela Laurinha, a eximia bordadeira da família. Pegava seu terço e, fervorosamente, desfiava as contas no que, para mim, pareciam intermináveis ave-marias. Eu não entendia quase nada, mas notava em seu semblante certa aflição, a cada visita. Com o passar do tempo intuí que pedia a São Sebastião ajuda para seu irmão Sebastião –minha mãe tinha loucura pelos seus irmãos! Ainda mais que fazia questão de que os bordados das toalhas fossem feitos pela filha dele, a Laurinha. Nunca lhe perguntei, nem perguntei a ninguém. Apenas imaginação de quem presenciou.

Procurei conhecer a vida desse santo e tornei-me devota dele também. Eis aí um cristão autêntico, preferiu o martírio às honras de capitão do exército de um Imperador que cometia inumeráveis atrocidades contra os cristãos. Em Roma conheci a Catacumba de São Sebastião, se não me falha a memória ficava do lado direito da Via Ápia, enquanto outras se localizavam do outro lado.

Em Varginha, minha filha um dia chamou-me para ir à Igreja do Mártir. Eu entendi Marte! Associei a ET... Mas como existe o Campo de Marte em São Paulo, e porque era Missa, topei. Entrando na bela Igreja é que fui entender que era Mártir, o São Sebastião. Realmente, até pouco tempo, quando ela morava nessa cidade,ouvi muitas pessoas falando da Igreja do Mártir, pois assim é conhecida. Nós também temos a Capela de São Sebastião, cuja comunidade acaba de realizar sua festa. A capela está sendo reconstruída, para melhor atender aos fieis. A festa neste ano foi realizada com carinho especial em casa emprestada ( gesto lindo dos responsáveis pela E.E.Luiz Pinto de Almeida) e com o sacrifício trazido pela cheia do Sapucaí.O mais importante estava no coração do povo:o amor, respeito e devoção a Jesus de quem São Sebastião foi servo fiel. A antiga capelinha da Rua do Queima? Continua lá...provocando saudade!

4 de janeiro de 2011 | By: Rita Seda Pinto

Peras e marmelos

Com muito orgulho lhes apresento uma das minhas pereiras! Hummmmmm! Que delícia!



Peras e marmelos
Rita Seda

Foi na euforia de adquirir um pedacinho de terra que Ivon decidiu trazer umas mudas de pereira de Delfim Moreira. A pêra e o marmelo eram a riqueza de lá. A gente se muda mas quer levar algo consigo que faça lembrar a terra natal. No baú de meu pai vieram da Sardenha, mudas de parreira. Acontece com todos. Encontrei um dia desses com o amigo Massaro que trouxe mudas de cerejeiras do Japão. A alegria estava estampada em seu rosto! Tenho certeza que ele fará com que elas cresçam e floresçam assim como conseguiu papai. Mas as pereiras do Ivon se recusaram a produzir. Cresceram, transformaram-se em fortes árvores, onde aproveitei para colocar orquídeas e os mais variados pássaros fizeram ninhos. Mas peras, nenhuma! Certo dia o amigo Ditinho Nogueira foi até lá e disse ao Ivon que cortasse aquelas árvores e plantasse as mudas  que se dispôs a dar-lhe. Se não tinham se aclimatado em 30 anos, não se aclimatariam nunca. 
Ivon não estava disposto a cortar as pereiras trazidas de sua terra e que seu pai escolhera os lugares para plantar...O sentimento falou mais alto. No mínimo ficariam de recordação! Cortar, jamais! Um dia até permitiu que eu comandasse uma poda drástica em uma delas, fincamos pregos nos troncos, adubamos, mas de nada valeu.
Sempre interessada em viveiros, um dia encontrei umas pereiras que me pareceram jeitosas...Comprei duas e plantei, sem escolher muito a posição. Mas pelo tamanho da chácara, todas as plantas ficam perto de todas, essa é a verdade. Foi tempo de tomar porte e as duas começaram a florir. Foi apenas uma amostragem, como acontece com as plantas de primeira viagem. No segundo ano e no terceiro, as flores surgiam nas minhas e nas pereiras do Ivon e afinal, as peras também. Com uma diferença, porém: as velhas pereiras são de qualidade, são grandes, tem pedigree. Foi uma dessas, pesando quase um quilo que o Ivon certa vez acertou a careca do pai dele!Até hoje tem remorso quando lembra o acidente... O que é a natureza! Sem a polinização de uma espécie diferente nunca veríamos as peras duras de Delfim! Ou será que foi inveja das pereirinhas que plantei?Sei não!