25 de julho de 2012 | By: Rita Seda Pinto

Dani

Dani


Rita Seda



Você estava sendo esperada com grande carinho por toda família. Seus dois irmãos, impacientes por vê-la fora da barriga da mamãe já tinham escolhido seu nome... Ainda faltavam algumas semanas para sua chegada, mas recebi um telefonema da sua tia, que estava de férias e fazia companhia para sua mãe. Pedia que eu fosse imediatamente para a casa de seus pais em Varginha, pois algo estava para acontecer. Era verdade. Você resolveu nascer antes do tempo. E pior: com complicações. Seu pulmão se recusava a abrir-se normalmente e mesmo com medicamentos foi um sufoco. Teve que ir direto para a incubadora. Não tinha unhas, cabelos, não abria os olhos e nem chorava... Os pés, gelados, mas os sapatinhos que fiz eram grandes demais! Foi aquele corre-corre!Dr.Fausto fez a cesariana e nos mostrou uma bonequinha dorminhoca. Tomei das agulhas de tricô e toca a fazer mini sapatinhos para aquecer seus pezinhos. E luvinhas também, paletózinhos, tudo que sabia e que você precisava... Colocaram-na em uma estufa na maternidade. Só de vê-la, daquele tamaninho e naquele amarelão eu tinha crises de bronquite! Num só dia eu fiz dez inalações com oxigênio no hospital. Seu tio Ivon Junior, que tanto a ama, ficava por conta do meu transporte, da casa ao hospital e de lá para casa... Um belo dia seu pai resolveu tirá-la da incubadora. Sabe por que? Perguntou à enfermeira como funcionava a aparelhagem e ela disse que quando “ela achava que estava quente demais ela desligava!” Seu pai ficou uma arara. Não sei bem como, mas falou com o médico e levou você para casa. Ele mesmo fez uma incubadora jóia e você foi melhorando. Lembra-se do córrego? Lá eu arrancava pés de picão, fervia e preparava-lhe um banho gostoso, de manhã e à tarde para acabar com o amarelão. A água foi lavando sua cor e nós pudemos curti-la um pouco mais. Dani não chorava, mamava porque sua mamãe punha no peito. Eu até pensei que nunca iria ficar normal. Seus pais eram tão agarrados com você, Dani, que quando enfim pôde sair da estufa não a deixavam dormir no berço. Dormia no meio dos dois, enrolada em muitas mantas. Evitavam que seu corpinho esfriasse... Não a deixavam ficar à noite comigo, mas foram-se esgotando e aconteceu que naquela madrugada eu ouvi um barulho diferente, fui ver o que era e encontrei um grande embrulho de cobertas debaixo da cama deles. Era você! O sono e o cansaço nocautearam os dois e nem viram quando a levei. Tirei um sarro deles! E afinal, está aí essa jovem linda, inteligente e prestativa que encanta a todos. Até fisgou o coração de um leão magrelo, que não morde, não urra, é só doçura! Dani, como eu amo você...Presente de Deus na vida de nossa família...Obrigada, meu Deus, pela bonequinha frágil que nos deste e que agora, além de forte transformou-se numa linda mulher.



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