Maritacas molhadas
Rita Seda
A gente tem que parar de vez em quando para lembrar os fatos engraçados do nosso passado. Os tristes, e todos devem ter alguns, devemos esquecer, após tirar alguma boa lição. Hoje quero me lembrar de minha rua quando eu era adolescente. As casas baixas, simples, quase todas com a porta de entrada colocada na beira da calçada, janelas baixas, de madeira, poucas com vidraças. Muitos quintais, alguns com árvores frutíferas convidativas. Luz fraca, postes de madeira, pouquíssimos fios de telefone. Era calçada, sim, com paralelepípedos, o que lhe dava um certo “ar de importância”. Poucos carros passavam. Todos os moradores se conheciam e eram amigos. Tenho muita saudade daqueles que já se foram. Havia muitas adolescentes e éramos como as maritacas: tínhamos o hábito de viver em grupo. Hora de ir para o colégio, íamos de bando. Para o footing na praça? Nem precisa dizer que iam todas juntas. Engraçado, quase não havia rapazes em nossa rua. Lembro-me dos primos, dos empregados da padaria e só! Até parece que o grupo era fechado para o sexo oposto! À noite, dia de semana, quando não havia razão para ir à praça ou se não passava filme que valesse a choradeira para obter a permissão dos pais, ficávamos assentadas em duas portas de venda, bem na esquina, papeando feito maritacas. Às vezes falava-se baixinho, outras vezes mais alto, que nessa idade não se tem muito controle com a tonalidade da voz...Muito riso, por tudo ou por nada, tudo inocente. Nem pensávamos que os donos da casa poderiam sentir-se incomodados. E se pensássemos, esperaríamos, no máximo, uma bronca e bateríamos em retirada, todas juntas, rindo ainda mais... E assim foi passando o tempo, até que numa noite de frio, em que, com certeza, nos excedemos e a irritação dos donos da casa ficou insuportável, fomos surpreendidas por um jato de água gelada que veio por debaixo das duas portas ao mesmo tempo! Ninguém se salvou! Todas deram um salto e correram gritando como maritacas, só pensando em mudar a roupa... Ao queixarmos para nossos pais eles acharam graça e alguns ainda diziam: demorou a acontecer...Os donos da casa foram bem criativos,no julgamento dos nossos pais, mas para quem saiu pingando água gelada, foram simplesmente maldosos. Deixamos em paz a casa das duas portas e escolhemos outro lugar mais acolhedor! Mas continuamos nos encontrando... e nos comportando do mesmo modo, que só a idade pode mesmo mudar!
Rita Seda
A gente tem que parar de vez em quando para lembrar os fatos engraçados do nosso passado. Os tristes, e todos devem ter alguns, devemos esquecer, após tirar alguma boa lição. Hoje quero me lembrar de minha rua quando eu era adolescente. As casas baixas, simples, quase todas com a porta de entrada colocada na beira da calçada, janelas baixas, de madeira, poucas com vidraças. Muitos quintais, alguns com árvores frutíferas convidativas. Luz fraca, postes de madeira, pouquíssimos fios de telefone. Era calçada, sim, com paralelepípedos, o que lhe dava um certo “ar de importância”. Poucos carros passavam. Todos os moradores se conheciam e eram amigos. Tenho muita saudade daqueles que já se foram. Havia muitas adolescentes e éramos como as maritacas: tínhamos o hábito de viver em grupo. Hora de ir para o colégio, íamos de bando. Para o footing na praça? Nem precisa dizer que iam todas juntas. Engraçado, quase não havia rapazes em nossa rua. Lembro-me dos primos, dos empregados da padaria e só! Até parece que o grupo era fechado para o sexo oposto! À noite, dia de semana, quando não havia razão para ir à praça ou se não passava filme que valesse a choradeira para obter a permissão dos pais, ficávamos assentadas em duas portas de venda, bem na esquina, papeando feito maritacas. Às vezes falava-se baixinho, outras vezes mais alto, que nessa idade não se tem muito controle com a tonalidade da voz...Muito riso, por tudo ou por nada, tudo inocente. Nem pensávamos que os donos da casa poderiam sentir-se incomodados. E se pensássemos, esperaríamos, no máximo, uma bronca e bateríamos em retirada, todas juntas, rindo ainda mais... E assim foi passando o tempo, até que numa noite de frio, em que, com certeza, nos excedemos e a irritação dos donos da casa ficou insuportável, fomos surpreendidas por um jato de água gelada que veio por debaixo das duas portas ao mesmo tempo! Ninguém se salvou! Todas deram um salto e correram gritando como maritacas, só pensando em mudar a roupa... Ao queixarmos para nossos pais eles acharam graça e alguns ainda diziam: demorou a acontecer...Os donos da casa foram bem criativos,no julgamento dos nossos pais, mas para quem saiu pingando água gelada, foram simplesmente maldosos. Deixamos em paz a casa das duas portas e escolhemos outro lugar mais acolhedor! Mas continuamos nos encontrando... e nos comportando do mesmo modo, que só a idade pode mesmo mudar!
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