3 de março de 2011 | By: Rita Seda Pinto

Resgate:Meu filho, meu herói!

Uma distinta dama atrás do volante de uma Pajero prata. Musiquinha ambiente, ninguém para dar palpite, mas, que pena! nem para conversar. Confiante, vai deixando para traz os últimos trechos da Fernão Dias para entrar na Paulicéia. Mudara-se para a capital, mais precisamente para a Vila Mariana, há pouco tempo. Diga-se de passagem que nunca entrara dirigindo assim, tão sozinha, na grande metrópole. Mas coragem não lhe faltava. E a necessidade deu também um empurrãozinho... E lá ia ela, curtindo a musica dos anos 60. De repente surgiu um alerta:-Parece que nunca vi esta rua...Um segundo depois percebeu que estava na rota errada. Estava perdida em São Paulo! Por que ainda não inventaram o GPS? Bom, inventar, inventaram, desde a segunda guerra. Não estão ainda comercializando, né dona? Mas foi rodando, rodando pelo asfalto, já aterrorizada, quando, sem nem perceber, fez uma conversão errada e bem na frente de uns guardas de trânsito. Pensou: tô ferrada! E estava mesmo. Nessa hora já se instalara o pânico. Viu um casal de guardas mais adiante e resolveu parar e pedir ajuda. Muito delicado,com certeza porque percebeu a situação de ansiedade da motorista-este era um profissional que entendia de psicologia- foi perguntando onde ela desejava chegar e quando ouviu a resposta informou que ela estava muito longe de casa... Seu guarda, me ensina o caminho, suplicou. -Daqui não tem nem jeito, minha senhora!-Seu guarda, eu já fiquei perdida no Jardim da Luz quando era criança e vim passear com meus pais em São Paulo. EU TENHO TRAUMA, seu guarda! Chama um táxi para mim, pelamor de Deus!!!- Nisso a comunicação entre guardas se fez e ela ouviu aquela voz estridente do outro lado falando que uma Pajero prata estava cometendo infrações perigosas, verdadeiras loucuras. Ficassem alertas! Fez de conta que não ouviu e foi aí que se deu conta de chamar seu filho pelo celular para vir salvá-la. Foi tiro e queda. O guarda ainda perguntava para quê ela queria o táxi, quando, recuperando a calma, senhora de si, lhe disse: -Meu filho está vindo me socorrer. Desceu do carro e esperou junto dos guardas; acendeu um cigarrinho para descontrair e só chorou quando o filho chegou e a abraçou. - Enquanto enxugava as lágrimas para poder enxergar o trânsito, o guarda ainda a ouviu, pedindo ao rapaz para ir devagar para não perdê-lo de vista...Nesse dia ficou curada do trauma de infância! Santo remédio!
Moral:Trauma de infância só se cura com um drama de adulta!

Verdade X Fofoca

A espécie humana adora uma fofoca. Muitas vezes basta uma palavrinha, um sinal, para que alguém seja denegrido sem que se tenha base verdadeira. E o pior é que a pessoa em questão quase nunca fica sabendo que seu nome está correndo de boca em boca. Nem sua família. Num retiro que tomei parte, há muito tempo, falando-se em fofoca, foi contada uma historinha de uma pessoa que confessou ao sacerdote que havia cometido esse pecado. A penitência adotada pelo confessor era que levasse um travesseiro de penas na torre da igreja e do alto despejasse seu conteúdo. No outro dia, voltasse. Para completar, deveria catar as penas e refazer o travesseiro novamente... Impossível? Também impossível apagar da memória do povo as fofocas proferidas... Não é à toa que temos uma só boca, enquanto olhos e ouvidos temos aos pares. O que vemos e ouvimos, mesmo que provenha de fofoca, devemos guardar para nós mesmos. E se conhecermos a pessoa que é objeto da falação, ou sua família, que tal abrirmos um diálogo esclarecedor? Amizade se demonstra também nesse momento.O AMOR, segundo a primeira carta de São Paulo aos coríntios, em seu capítulo 13, entre outras verdades, diz que o amor é prestativo, não se alegra com a injustiça e fica feliz com a verdade.Ser prestativo nesse caso é esclarecer, é procurar a verdade para que se faça justiça. Em fofocas pode desaparecer toda a probidade da pessoa num piscar de olhos.- Ele(a) fez isso? Não esperava! Parecia tão santo(a)! É por isso que nossa obrigação é pesquisar na fonte. Isso é ser amigo! Repetir a fofoca é espalhar as penas do travesseiro que nunca mais poderão ser recuperadas. Passar a informação pelos crivos das três peneiras. O que está sendo falado é verdade?Sua veracidade é comprovada?Se não é verdade, não adianta passar para frente. O seu conteúdo traz em si a bondade? Se não traz, não fale! É útil para a pessoa em foco ou para a humanidade? Traz algum benefício?Bem, se não tenho certeza que é uma Verdade, que é Bom, e que tem Utilidade, melhor é calar. Este tríplice filtro é atribuído a Sócrates, sábio da Grécia antiga e que professava respeito a todos. Seja dele ou não, o correto é não passar para a frente um comentário, sem filtrá-lo através das três peneiras.

Rita versus Rede

Não sei bem quando me interessei pela Rede Social da Internet. De repente estava eu lá, fazendo muitas amizades, achando bom contatar familiares que residem longe, conversando com pessoas que não via há muito tempo. Ah! As comunidades! Fui selecionando algumas, amando outras, participando de muitas. Tudo muito bom. Mas vieram alguns problemas que me tomavam grande parte do meu tempo, umas amigas se tornaram amigas demais, enviavam compridas mensagens cheias de figuras, música, fui ficando um tanto entediada com tudo aquilo. Havia uma mensagem com musiquinha e a figura de um santo que eu gostava demais. Era a predileta. Às vezes lia todas as que chegavam, às vezes nem todas, às vezes nem lia inteira, deletava tudo, mas “aquela”, eu deixava. Não tirava por nada! Cansei das comunidades, deixei de abri-las. Passei uns dias sem acessar minha página. Foi então que minha filha começou a me pedir que encerrasse minha participação naquela rede. Sua cunhada, que também era minha “amiga” havia lhe telefonado alertando que havia coisa errada: minha página não estava combinando comigo. Que ela desse uma olhadinha nas minhas comunidades!E também nos recados que EU MANDAVA!!! Outras pessoas me alertaram por outros meios de comunicação. Estavam recebendo mensagens minhas que tinham certeza que não ERA EU que enviava. Minha página daquela rede fora invadida; minha privacidade,se algum dia existiu, deixou de existir. Eu nem cheguei a ver o estrago escandaloso inserido na minha página... Eram coisas escabrosas, tinham razão de se preocupar. Minha filha, de seu pc ,em São Paulo, monitorava. Tirava 10, entravam 20. Se era um vírus, com certeza, teria vindo com uma musiquinha e santinhos. O vírus engoliu meu blog também. Será que ele gostou do sabor? Acho que não, pois conseguimos recuperá-lo. A gozação dos familiares foi grande. Do Ivon,nem se fala...O pior (bem, para mim, o melhor!) é que, não tive coragem nem oportunidade para examinar a minha página, assim, muitas vezes não entendia as caçoadas. Acabou. Não tenho mais essa página. Meus amigos que me desculpem, mas tive que deixá-los.A grande verdade é que estamos sendo super vigiados, muitos são roubados e, no meu caso, achincalhada por alguém que usou a Rede.Uma verdadeira faca de dois gumes. Todo cuidado é pouco. Sentí-me uma peteca nas mãos não sei de quem!!! Senhores pais ou responsáveis pelas crianças e adolescentes: fiquem de olho naquilo que eles estão recebendo...e enviando pelas redes. A moral das famílias tornou-se vulneravel, inteiramente desprotegida.

A casa da esquina

Desde quando me lembro, na esquina da minha rua existia aquela casa. Agora não existe mais. Não caiu com deslizamentos ou com alagamentos. Sua solidez e localização não o permitiriam. Caiu sob a ação de máquinas possantes. Não vi sua construção, mas vi sua demolição. Ouvi e li os comentários lamuriosos de quem também viu o fim daquela casa. Ando padecendo para passar pelas suas imediações para chegar ao Santuário. Ficou perigoso, pois ela se situa em duas ruas, as calçadas estão interditadas e temos que nos precaver com os carros motos e bicicletas. Bicicletas?Perguntará você. E eu responderei: Sim, bicicletas não fazem barulho e andam na contramão... São bem mais perigosas do que carros e motos. Bem, mas voltemos à casa branca e linda. Sem igual. De uma beleza delicada, sem ostentação. Uma casa com um vasto andar inferior, na rua em ladeira, que nos foi emprestado muitos anos por seu proprietário para ser o Salão Paroquial, onde fazíamos nossas reuniões de JEC e de JOC, nossas festinhas de final de ano, de primeira Comunhão, de Filhas de Maria e outras que se realizavam antigamente. Enquanto a Igreja Católica não teve um local seu para isso, funcionava ali. Sem nada pagar. Mas Deus deu, com toda certeza, sua recompensa a essas almas generosas. Na casa, quantas pessoas foram recebidas, com carinho, pelos simpáticos donos! Quantas pessoas da família, parentes e amigos ela abrigou... Quantos lanches, almoços, pousos, foram oferecidos ali. Mas não era a linda casa: era a alma bondosa de seus donos, sempre no alpendre, saudando-nos sorridentes quando passávamos. A casa, para mim, era um sinal, uma lembrança daqueles distintos amigos. Eles se foram, agora é a vez da casa também ser levada no turbilhão das máquinas e dos operários. E eu pensava que pela solidez de sua construção ela ainda ficaria em pé por muito tempo... Algumas, mais velhas, continuam sua missão de abrigar pessoas, mesmo sem aquela clássica beleza. Guardamos as boas lembranças de quem ali viveu. Um dia nossa casa também poderá ser destruída, a casa que abriga nossa alma. Será que estamos agindo como os velhos donos da casa branca da esquina? Como se lembrarão de nós os que ficarem?