21 de março de 2011 | By: Rita Seda Pinto

Arco-iris

Arco-iris
Rita Seda

Retornando da chácara, num domingo, numa curva da estrada deparamos com um belo espetáculo: um duplo arco-íris. Parecia tão próximo da gente, saído do meio de uma capoeira, alcançava o outro lado do monte fazendo aquele arco perfeito no céu. Que compasso seria capaz de traçar algo daquele tamanho? Ivon, que sempre carrega a câmera, desceu para eternizar aquela maravilha, em fotos. Continuando o caminho paramos mais duas vezes, pois a cada curva a visão parecia mais formosa e chamativa. Parecia uma criança tentando segurar o seu brinquedo. Nos olhos, o mesmo brilho dos olhos da criança diante dum brinquedo novo. Só faltou sair correndo e ir ao pé do arco-íris buscar o pote de ouro... Há tempos eu não via esse fenômeno que resulta da combinação de dois elementos naturais, o sol e a chuva, com as cores tão nítidas e brilhantes. A luz do sol é separada em seu espectro quando ele brilha sobre gotas de chuva. Algo natural, mas tão fascinante que já inspirou poetas, músicos, pintores. O artista é capaz de captar o que lhe oferece a natureza, que, fora do domínio da cidade, tem um tal esplendor que dá vontade de ficar sempre ali.Tão fascinante e tão fugaz! Quando eu era criança gostava de regar o jardim para “criar”arco-iris.Procurava os melhores ângulos e, de mangueira em punho, ia esguichando a água onde batiam os raios de sol e aparecia o espetáculo colorido.Momentos de inteira felicidade... O mesmo acontece com as noites estreladas, enluaradas, os vagalumes piscando sua luzinha azul, confundindo-se com estrelas, o coaxar dos sapos e o sonoro e estridente cricrilar dos grilos. A Bíblia conta que, após o dilúvio, Deus enviou o arco-íris como forma de aliança, prometendo, não mais castigar seu povo com a grande inundação. A natureza oferece-nos momentos de intensas emoções. Infelizmente, esquecemos delas, ou melhor, as trocamos pela tecnologia. Despertar com o cantar dos pássaros, abrir a janela e notar o brilho diamantino da gota de orvalho numa folha ao sol, não tem o que pague. Bem, tudo que é de graça, encanta. Ninguém paga pelo amor, pela amizade, pelo sorriso, pelo abraço. E são as melhores coisas que podemos dar e receber...