23 de novembro de 2010 | By: Rita Seda Pinto

Ação de Graças 2010

Ação de Graças
Rita Seda


A todo dia e a toda hora devemos dar graças a Deus. Ele é o doador dos dons. Muitos vivem os momentos bons sem se lembrar de agradecer. Alguns agradecem todos os dias. Mas é difícil dar graças quando a vida está na contramão da felicidade. Louvar a Deus pelos maus momentos, pelas doenças, falta de dinheiro, problema de drogas na família, falta de harmonia? Ninguém poderá dizer que é fácil... O ideal da pessoa é ser feliz, ter vida plena. Uma família legal, um trabalho cuja remuneração permita levar o sonhado padrão de vida, um lar onde possa se sentir amada, coisa boa! Mas quando se tem que remar contra a maré, a falta de algo impedindo que se tenha paz, louvar a Deus é quase impossível. Só mesmo quem vive imerso no divino mar do amor consegue fazê-lo. Pode até acontecer que a pessoa tenha a sua fé abalada quando surgem as borrascas. E sentir o desespero bater na porta de seu coração.
E é perfeitamente compreensível, somos todos pessoas frágeis e sujeitas a cair. Fortalecer a fé, o amor, é preciso. Orar, entregando os problemas, é preciso. Mas agradecer? Será possível? O Salmo 88 é um exemplo do desespero que muitas vezes acomete o homem e o leva a suplicar ajuda.Mas, mesmo sofrendo, o autor deposita sua esperança no único que pode livrá-lo. Aprendamos com ele. Já, o Salmo 91 é um exemplo que o fiel precisa colocar na prática de sua vida: habitar na casa do Senhor. Sentir Sua proteção e carinho em TODOS os momentos. Ter certeza de Sua proteção. Ter a coragem de entregar-se todo inteiro nos braços daquele que é o dono de tudo. “Não há bem que sempre dure e nem mal que para sempre perdure”. Tudo passa. Devemos colocar (de verdade) nossa vida nas mãos do Senhor e seremos capazes de fazer como Santa Tereza: não nos perturbarmos, não nos espantarmos, crermos que tudo passa e que só Deus não muda... Com paciência chegaremos a sentir os ideais do salmista, pois veremos que só Deus nos basta. Difícil? Sim, mas não, para quem se revestiu da Fé e viveu imerso no mar de Deus. Vamos começar? Nunca é tarde!
18 de novembro de 2010 | By: Rita Seda Pinto

RITÁPOLIS

Ritápolis

Rita Seda



Alguém até pode pensar que eu adoro estrada, pois sempre estou contando aventuras de alguma viagem. Mas não é bem assim, eu gosto mesmo é de conhecer novos lugares. E tenho que arcar com o ônus da estrada ou do perigo de um avião...Há menos de um mês do regresso de Recife eis que certos compromissos familiares me colocaram outra vez dentro de um carro por algumas horas. Nós dois e a filha Rita Elisa. Foram dias em que vivi as mais fascinantes e inesperadas histórias que nunca imaginei protagonizar. Livres de uma agenda pré determinada demo-nos o prazer da improvisação. Aqui vai uma delas: Numa beira de rodovia, vimos a placa da cidade chamada Ritápolis. A princípio, por curiosidade, até por brincadeira, resolvemos conhecer de perto a tal cidade que, tem o nome da mãe e da filha, mas, antes de tudo, tem um santuário de sua padroeira, Santa Rita de Cássia. E quisemos conhecê-lo. Feriado prolongado, Santuário fechado, ruas e praças desertas. Apenas um pobre coitado se achava na horizontal, na sarjeta. Casas fechadas, de aspecto antigo, bem conservadas, muitas e belas flores, tudo limpo. Mostram bem que ali era bairro, zona rural, diferente das suntuosas mansões da cidade a que pertenceu. Descemos na praça, curiosos para verificarmos de quem era a estátua fixada na sua ponta. Em nada parecia com a de Santa Rita! Qual não foi o nosso espanto quando lemos a placa: “Aqui é o berço da Liberdade”. A estátua, já deu para perceber, né? Era de Tiradentes, o mártir da Indepedência. Providencialmente apareceu um senhor a quem abordamos e que nos revelou o que estávamos tentando entender. Para nós, Tiradentes nasceu na Fazenda do Pombal, em São João D’El Rei. O caso não é tão difícil de entender, depois de explicado. Difícil ainda está sendo a aceitação, pelo povo da cidade mãe, pelo que pudemos averiguar em outras prosas, com os seus habitantes...Ritápolis ganhou cidadania e a fazenda do Pombal fica em seu território. Agora é sede da Policia Florestal. Em suas terras cultiva-se e comercializa-se flores. Ficamos sabendo que a cidade chamava-se Santa Rita do Rio Abaixo (Rio das Mortes), que ainda possui muitas fazendas. Conserva entre suas casas os “Passos” da Paixão de Cristo, pudemos ver alguns e conhecer também a sala dos milagres atribuídos à padroeira. Não concretizamos nosso desejo de visitar a Fazenda do Pombal porque não era dia de visitação. Mas não faltará ocasião, agora que descobrimos o mapa da mina!
6 de novembro de 2010 | By: Rita Seda Pinto

Magnólia na minha vida

Magnólia

Rita Seda



Na minha juventude usei um perfume chamado White Magnólia. Deliciosa fragrância. Não deixava acabar um frasco, já comprava outro. O primeiro eu havia ganho de uma irmã bem mais velha que eu, era alérgica a ele...Que bom! Assim eu pude desfrutar dessa maravilha em gotas! Infelizmente desapareceu do mercado. Nem tudo que é bom dura para sempre...

Talvez seja por essa razão que eu goste tanto da árvore magnólia. Suas flores crescem em cachos sobre a copa da árvore. Fazem uma cobertura linda e perfumada. Mas são muito frágeis. De um dia para outro o chão fica forrado de belas flores e que não murcham tão rapidamente quanto caem... Mariana, minha neta caçula, quando mais nova, juntava as flores em pequenos arranjos e dava de presente à mãe. Carinho especial! E se havia marias-sem-vergonha com sementes corria a chamar sua mãe para com ela estourá-las. Mas a florada não é rápida, como a do ipê, por exemplo. Continua por bom tempo. Seus galhos são frágeis e se quebram à toa. Se algum quebra e cai num chão com terra, e o deixamos ali, logo cria raízes e dá flores, ali mesmo, deitado! Não tem exigência essa bela árvore de copa arredondada como a metade de uma melancia...

Sendo assim, sempre tenho ótimas mudas para doar a quem me pede, o que faço com muita alegria. Ajuda a enfeitar o planeta...

Existem espécimes que dão flores de diversas cores. Rosa claro, vermelha, amarelinha... Todas têm o seu charme, o seu encanto.

Gosto de ver a do meu quintal do alto da janela do vizinho, quando está florida... Obra de graça e encantamento que só a mãe natureza é capaz de fazer!

Acontece nas melhores famílias...

Acontece...nas melhores e piores famílias

Rita Seda



Conceição foi uma cozinheira de mão cheia. Seu trabalho era exclusivo na casa de seus ricos patrões. Fazer os quitutes mais saborosos para regalo da família. E ela era exímia. A patroa não abria mão de sua empregada mais importante. Todo dia era dia de festa. As refeições tinham cardápio diferente a cada dia. Salgados e doces. Se num dia comia-se strogonof de frango, no outro já vinha o bife à parmegiana, no seguinte já era cordeiro assado... E como bons mineiros, a base não podia deixar de ser arroz, feijão, legumes, saladas, batatas fritas, bolinhos variados. Sobremesa não podia faltar. Pudins e tortas eram feitas diariamente, além dos doces em calda e das ambrosias... As mãos da Conceição eram de ouro e ouro se gastava na compra de tantos ingredientes nobres. Estava familiarizada com todo tipo de novidade que a indústria colocava no mercado, por mais sofisticadas que fossem. Para ela tudo era fichinha! Tinha seus filhos, seu esposo, sua casa. De manhã deixava o almoço pronto para que eles aquecessem no velho fogão de lenha...Arroz de terceira, feijão, angu, chuchu ao molho...Quando voltava, após o jantar, fazia uma sopinha. Certo dia chegou às nove horas.O esposo, com fome, havia feito a sopa, mas queria comer junto com ela. Afinal, ele ia exibir sua façanha. Quando contou à Conceição que havia colocado legumes da horta na sopa, macarrão e até caldo de galinha, ela ficou cabreira. Caldo de galinha em casa de pobre? Onde já se viu? –Ora, mulher, estava na prateleira e eu coloquei, inteirinho! –Ah! Totonho, já sei o que você fez... A sopa não ficou azul? –É...Não ficou igual às suas, amarelinhas! Mas até que ficou bonita, vem ver.-Meu Deus, você acabou com o meu macarrão e o anil de enxaguar a roupa, Totonho! O jeito é comer pão duro que eu trouxe da casa da patroa para não dormir com fome!