29 de novembro de 2009 | By: Rita Seda Pinto

Apagão na Cachoeirinha

Apagão na Cachoeirinha


Rita Seda





Obstinação foi o lema desse dia. Um final de semana em que pretendíamos descansar da cidade, da internet, dos afazeres de casa... Combinado com antecedência e os dois, querendo muito, Ivon foi organizar o carro e eu, os apetrechos para levar. Voltando, foi logo me apressando: tá tudo pronto, já abasteci a Belina, calibrei os pneus. Vamos carregar o carro. Num instante, tudo pronto. Mas, esse tal mas!... um pneu não segurava o ar. Tinha algum defeito. Tenta daqui, tenta dali, tira a carga, pega o empoeirado estepe

- Que é isso no estepe? Um remendo e... ele está soltando. Ficou sem uso tempo demais...Não dá para procurar socorro agora.

.- Vamos no Palio? Passa que passa sacolas com roupas, comidas, congelados.

-Mas como as horas passam!Já é hora do almoço e eu estou com uma fome danada!

-Bem, vamos almoçar “Na Lenha” e de lá seguiremos.

Dia de formatura da ETE. A cidade pulula de formandos, pais, amigos, namorados, parentes. O restaurante está lotado. Pegar a comida foi fácil. Mas a garçonete nem ligou para nosso refri...

Ivon ficou uma arara. Chamou a moça, passou-lhe uma educada descompostura, se é que existe algo assim e foi dar queixa dela à gerência.

Tudo bem, não vamos desistir da chácara, embora chova sem parar!

Até aqui tudo foi festa...comparado ao que veio depois. Chegamos e o alarme ficou calado e apagado.

-Que será que aconteceu?

Entramos (em nossa chácara se entra pela cozinha) e ela estava repleta de maritacas, gritando feito colegiais saindo de férias e o chão, repleto de seus dejetos... Ivon se armou com uma vassoura e rodopiava tentava tirá-las de lá. Abri outra porta, tomei de um espanador de teto, daqueles de cabo comprido e fui ajudar. Conseguimos!!! Mas nos xingaram muitíssimo em sua linguagem estridente. Foi então que notamos a falta de energia total. Examinamos os fios _maritacas adoram comer as capas dos fios..._ nada de anormal.Ligar para saber notícia da energia? O telefone celular estava no seu posto, mas descarregado... E como recarregá-lo? Foi nesse ponto que Ivon notou que esquecera de trazer seus remédios de uso diário para o coração.

-Você vai buscá-los, mas eu ficarei limpando este chão. Vai precisar de muito detergente. Aproveita e liga para a CEMIG.

Ao voltar, a notícia dada pela atendente: não há previsão de restabelecimento de energia!

-Mas eu trouxe velas...

-Bem, eu já vi as orquídeas que queria ver, estão lindas, já limpei a sujeira das maritacas, acho bom ir embora para a cidade.

-Vamos fazer um café enquanto é dia?

-Na maquininha de capuchino? Sem eletricidade?

-Ufa! Tem razão... Faço no fogão. Vamos assar pão de queijo, pão de alho, esquentar um leitinho e depois a gente vai embora.

Café tomado, a casa se ilumina como por encanto.

-Apagou, outra vez...

-Estão de brincadeira, isto sim!

E era verdade. A energia voltou, (já eram seis horas...), fomos rezar o Ângelus diante da imagem de N.Sra. das Graças de sua gruta, e depois rezar o terço, sentados, cansados, mas felizes, pois vencemos UM DIA DAQUELES!

4 comentários:

Leticia Seda disse...

Fico encantada com a escrita.
Adorei as maritacas gritando feito colegiais saindo de férias.....
Quem tem talento tem.
bjos
Leticia

Luis disse...

kkkkkkkkkk!!!
Era um sinal pra ficar com o neto no sabado! heheheh
Bjos!

Marisa Bueloni disse...

Às vezes, é melhor não arriscar e nem sair da cidade, né, Rita?
Adorei o texto. Um abraço.
Marisa Bueloni
Piracicaba, SP

Silvinh@ disse...

Que lindo, tudo isso, Rita!!! rsrsrsrsrsrs
Imagino o dia que vocês tiveram!!!
Que aventura, hein!!!
E o mais bonito de tudo isso, foi que vocês, JUNTOS viveram um dia daqueles, com muito amor, carinho, companheirismo...e para encerrar o dia, mais uma vez, rezando juntos...FELIZES...
QUE DEUS OS ABENÇÕE SEMPRE, RITA.
Adoro vocês!!!

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