30 de março de 2011 | By: Rita Seda Pinto

Tempo de pinhões

Tempo de pinhões
Rita Seda

Hummm! Que delícia... Já podemos encontrar pinhões no mercado. Já é a segunda semana que trago, lá da Rita, Casa de Frutas Santa Rita. Eu escolho bem, vou separando os mais gordinhos para trazer... Cozinham que é uma beleza! Aí, é hora de comê-los com açúcar, em farofa, refogado, enfim, deliciar-me com mais esse presente de Deus. Mamãe e Pedrinho são minha referência para comer pinhão. Após o almoço, ela trazia um soquete de ferro, ajeitado,e ia macetando com ele os pinhões cozidos. Pedrinho preferia comê-los sem nenhum tempero. Mamãe também. Eu não dispensava o açúcar. E ali a gente ficava, sentados na grande mesa da cozinha, jogando conversa fora e devorando os pinhões. Entrava e saía safra e nós, sempre fieis ao ritual. Não é à toa que até fiz mudas e plantei pinheiros. Levaram mais de trinta anos para dar suas pinhas, só no ano passado começaram, timidamente a produzir. Já ando rondando o local. Mas o importante mesmo é a beleza das árvores, seu verde brilhante, as ramas agressivas, que ferem quem nelas encosta. São muito boas para acender o fogão de lenha... Na zona rural são usadas para pelar porco. Sempre que vou a Aparecida, neste tempo de pinhões, aproveito para trazer alguns, daqueles que os meninos ficam vendendo no bar da Barreira. Os de lá têm um sabor especial. Afinal, os pinheiros preferem as montanhas! Certa vez, numa romaria da Sociedade São Vicente de Paulo, tendo ido de carro, demos carona, na volta para umas amigas, entre elas, Luzia Silvério. Paramos num ponto de vendas -desses que vendem tudo na beira da estrada- e entre outras coisinhas separamos muitos saquinhos de pinhão, que fomos escolhendo e colocando no chão, atrás do carro para que o Ivon os colocasse no bagageiro. Quando aqui chegamos e cada um foi pegar seu pinhão, surpresa! Tínhamos deixado no chão, lá na serra... Quem mandou ser lerdos, né? Mas o caso ficou gravado na memória...Sempre que nos encontramos e comentamos, damos boas risadas!

3 comentários:

Rita Elisa Seda disse...

Eu sempre achei que todo mundo conhecia pinhão... até ir morar em Goiás e encontrar pessoas que nem sabiam o que é isso. Lá é chamado de castanha. Também me lembro de certa vez que eu e o padre Mané fomos até o Mosteiro da Serra Clara, foi um sufôco chegar lá, a estrada estava avariada, eu tive que me superar na direção para chegarmos no alto da serra da Mantiqueira. Os monges estavam há pouco tempo no local, vieram do norte do país, se bem me lembro do Pará. Nos receberam muito bem, conversamos andando pela mata, foi quando nos deram a notícia que estavam passando fome, havia chovido demais, a estrada precária não deixava vir as compras, a chuva arrasou a horta... o monge foi falando... falando... até que eu começei a catar pinhões pelo chão. O monge me perguntou para que eu queria aquelas sementes. Quando eu disse que era para comer, que bastava cozinhá-los, ele deu um berro para os amigos: comida... irmãos... comida! Naquele dia eles descobriram o valor do pinhão!

Rita Seda Pinto disse...

Pois é, Rita Elisa, conhece o ditado"com o bico nágua e morrendo de sede"? Vale bem para esses coitados... Não me conformo com a venda do Mosteiro feita por eles. Como era grande nosso carinho por aquele local, não é mesmo?

Frederico disse...

Pois é,tia. O pinhão, além de saboroso e nutritivo ( acabo de comer uma boa quantidade), também me traz muitas lembranças, todas boas pois não costumo me lembrar de coisas ruins, ou não as tenho.
Estive, no final de semana p.p., lá no outro Sítio, o Esperança,e trouxe uma boa quantidade, assim terei muitas boas lembranças por vários dias.

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